segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MENSAGEM DE BOAS VINDAS À SENHORA CHANCELER

Excelência,

No dia em que inicia uma simpática e apressada visita ao nosso país, quero dar-lhe as boas vindas e não preciso de dizer que se deve sentir em sua casa.
Sei que vários grupos de cidadãos meus compatriotas têm vindo a expressar de várias e delegantes formas um desrespeitoso e mal-educado sentimento de protesto e recusa face à sua vinda ao nosso país que, sabemos todos, ocupa um lugar muito especial no seu coração.
Desde já, bem haja por isso e por nos visitar.
Sempre fomos um povo acolhedor e bom anfitrião, sem falsas modéstias somos mesmo o melhor povo do mundo, como muito bem assinalava um seu admirador e nosso Ministro das Finanças, o qualificadíssimo Senhor Professor Vítor Gaspar.
Recebê-la bem é, não apenas um imperativo das regras da boa educação e urbanidade na relação entre pessoas, mas também uma questão de justiça e dever. Justiça porque a Senhora Chanceler o merece pelo profundo respeito e conhecimento que tem expressado sobre nós. É certo que já nos considerou preguiçosos, gastadores e uns cabeça no ar. Eu sei que a Senhora Merkel não pensará assim, terá sido um excesso não intencional de algum incompetente conselheiro que a induziu em tamanha desconsideração que, obviamente, não sente, nem pensa.
Por outro lado, recebê-la da forma mais simpática que nos for possível é também um dever. Não proceder assim seria de uma infinita ingratidão depois do esforço e empenho que tem posto na desinteressada ajuda que nos tem dado, bem como a outros países como muito bem ontem lembrou o Primeiro-ministro. É também obrigatório registar os seus sábio conselhos ao nosso jovem e voluntarioso líder, o Dr. Passos Coelho, seu dilecto discípulo, para quem o contacto consigo tem sido uma inspiração permanente e um farol que lhe guia os passos (não sei se na tradução para alemão a Senhora entende o trocadilho).
Na verdade, é da mais elementar justiça agradecer a ajuda e o apoio que lhe tem dado o que contribuiu decisivamente para os níveis de bem estar que já atingimos. É verdade que as empresas do seu país e os bancos também são muito beneficiados com a ajuda que nos dá, o que me parece justo, não se pode pedir que de forma gratuita nos ajudem a ultrapassar os nossos problemas. Como o nosso sábio povo costuma dizer, o dinheirinho custa muito a ganhar. É certo que muitos de nós têm alguma dificuldade em compreender como e porquê, sendo nós já mais pobres que os nossos amigos alemães, ainda devemos empobrecer mais para ficarmos, dizem, tão bem como ... os nossos amigos alemães. Mas a Senhora Chancelar, pessoa com tantos estudos e ao que se conhece sem ser por equivalências, deverá saber qual o melhor caminho para nós portugueses e para todos os europeus.
Muito provavelmente, a Senhora Merkel terá notícia de algumas manifestações durante o dia de hoje. Não deve preocupar-se, como sabe, somos um povo dado a festas e a manifestações, tratar-se-á apenas de uma forma de lhe dirigirmos umas palavras, poderão ser deselegantes mas, no fundo, são de agradecimento. Além disso, as nossas autoridades tudo farão para que os mal educados e mal-agradecidos que irão protestar, não a incomodem na visita a esta humilde e acolhedora terra onde, repito, se deve sentir em casa.
Não lhe quero roubar mais tempo Senhora Chanceler, far-lhe-á falta para descobrir mais formas de nos ajudar, apenas exprimo um enorme desejo de boas vindas a este país dirigido por um humilde grupo de vossos criados. Estou convencido de que, guiada pelo mais qualificado dos nossos Ministros, o Sr. Dr. Miguel Relvas, a sua lamentavelmente curta estadia no nosso país vai ser muito bem sucedida.
Somos pobres, mas não somos mal-agradecidos.

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