Ao ver algumas imagens da
devastadora passagem do furacão Sandy, a quem também chamaram Frankenstorm, nos
Estados Unidos não pude deixar de pensar nos efeito devastadores da nossa
Frankenstorm caseira que, para manter o hábito de atribuir nomes femininos às
tempestades, se chama furacão Crise.
De há muito que não éramos
assolados por uma tempestade tão violenta, ameaçadora e longa na sua duração e
nos efeitos que provoca. São milhões de pessoas afectadas das mais variadas
formas.
Perdem bens, perdem trabalho,
perdem saúde, perdem dignidade, perdem afectos, perdem vida.
Alguns perdem-se a si também.
O mais revoltante e inquietante é
que a tempestade Crise que nos assola não é consequência da instabilidade e dos
fenómenos naturais como a tempestade Sandy.
A nossa Frankenstorm que, aliás,
não é só nossa, é sobretudo consequência das decisões dos homens, do despudor,
da delinquência e da ganância que endeusaram uma entidade mítica a que chamam
mercados, e que sem alma nem ética geraram o furacão das nossas vidas.
Malditos sejam.
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