segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A HISTÓRIA DAS LETRAS BONITAS E DAS LETRAS FEIAS

Era uma vez um Rapaz que quando começou a descobrir as letras pensava que havia letras bonitas e letras feias que serviam, justamente, para escrever palavras bonitas e palavras feias.
Algum tempo depois e com alguma perplexidade percebeu que era com as mesmas letras que se escreviam todas as palavras, as grandes e as pequenas, as bonitas e as feias, as boas e as más, as que soam bem e as que soam mal, as fáceis e as difíceis, as que se dizem e as que se guardam, enfim, todas as palavras.
Depois, compreendeu ainda que toda a gente lhe dizia quais as palavras que devia escrever, que palavras devia usar, toda a gente lhe fazia ditados, por assim dizer. Sempre que o Rapaz não escrevia ou usava as palavras que lhe ditavam, as pessoas olhavam com ar reprovador e sério e assinalavam um erro. O Rapaz dava muitos erros, muitas vezes não escrevia ou usava as palavras que lhe ditavam.
Depois de muito pensar e de sofrer com os erros que lhe diziam que dava, decidiu então que seria um escritor. Era, pensava, a única forma de escrever e usar as palavras que queria e só essas.
Um dia, partiu rodeado de palavras de palavras bonitas, finalmente. É quase sempre assim com os escritores, ficam rodeados de palavras bonitas. Depois de partirem.

2 comentários:

Manuela Matos disse...

belo texto, simples e belo...e é assim que devem ser as palavras, principalmente belas e simples...e livres. E o rapaz compreendeu a tempo, às vezes não chegamos lá...não nos deixam

Escritor: bem escolhido!
abraço!

Zé Morgado disse...

Olá Manuela, é bom ouvir-te