Um grupo de cinco alunos dos
ensinos básico e secundário foi recebido em Belém pelo Presidente da República.
O mesmo grupo já se tinha deslocado a S. Bento e ao Parlamento para encontros com o Primeiro-ministro e com os
líderes parlamentares.
À saída de Belém estes alunos
deram uma curta conferência de imprensa onde expuseram os motivos destas
audiências.
Em síntese, expressaram a sua
preocupação com os alunos mais novos, antes da entrada na escola, que sentem,
sobretudo nos centros urbanos, alguma dificuldade em encontrar instituições
educativas com capacidade para os receber e a preços acessíveis para pais com
menores vencimentos. Muitos deles, afirmou um dos elemento do grupo, vêem-se
obrigados a recorrer a oferta clandestina sem qualidade.
Manifestaram também a sua
preocupação com o número excessivo de alunos por turma o que, em muitas
escolas, compromete seriamente a qualidade do trabalho que têm de realizar e as
dificuldades que os professores sentem para que o ensino seja eficaz.
Um dos pontos levantados prende-se
com a quantidade de horas que muitos alunos, sobretudo nos dois primeiros
ciclos, passam nas escolas, alguns atingem as 10 horas e até mais, de presença na escola
com o risco sério de desenvolvimento de doenças profissionais e sentem uma
enorme dificuldade em conciliar a vida escolar com a vida familiar e com os
tempos livres, algo que consideram essencial para o seu bem-estar.
Apresentaram também às diferentes
entidades a necessidade imperiosa de se perceber que em cada vez mais
circunstâncias muitos alunos são obrigados, depois de um logo dia de trabalho,
a desenvolver formas de apoio aos seus pais atingidos pela crise, vítimas de
desemprego, por exemplo, de forma a minimizar o impacto familiar dessa grave
situação. Em muitas famílias esta situação é inquietante.
Reforçaram de forma muito
veemente a sua extrema preocupação com um número muito significativo de colegas
que passam por graves situações de carência, incluindo carências alimentares,
que leva que alguns tenham como única refeição quente a que é fornecida pelas
cantinas escolares.
Ainda no que respeita à escola,
este grupo de alunos referiu também a necessidade da urgente revisão dos apoios
sociais e escolares no sentido de que as escolas tenham os recursos e os meios
necessários ao apoio às dificuldades escolares que alguns alunos apresentam. A
ausência destes apoios poderá facilitar o abandono e o insucesso escolar que
conduzem à exclusão social, alertou um dos alunos do grupo.
Numa última referência exprimiram
ainda sua inquietação com a forma como muitos dos seus colegas com necessidades
especiais são acolhidos nas escolas, sem recurso e apoios suficientes,
comprometendo o seu direito à educação e a sua participação na vida da
comunidade educativa.
A terminar, o grupo de alunos afirmou
a sua determinação em desenvolver formas de luta que possam levar as lideranças
do país a considerar de forma séria e empenhada os problemas que colocaram e que consideram de extrema importância
para o seu futuro, o futuro do país, disseram.
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