domingo, 2 de setembro de 2012

VIVER SÓ. Opção ou sozinhismo

O Público apresenta hoje um trabalho muito interessante sobre as famílias de uma só pessoa, ou seja, as pessoas que vivem sós.
Tal como se refere na peça tem vindo a aumentar este universo. Segundo os dados do Censo de 2011, verifica-se um crescimento exponencial das pessoas que vivem sós, 37,3 % em dez anos, representando agora 21,4 %.
O viver só resulta fundamentalmente da opção individual por tal condição ou, situação que está em crescimento, conforme também os dados do Censo, o envelhecimento e a perda da companhia familiar.
Em Portugal a opção por viver só é, sobretudo nos mais jovens, fortemente condicionada pelas questões económicas decorrentes dos constrangimentos fortíssimos no mercado de trabalho e pelos custos de habitação e (sobre)vivência diária. Como se afirma no trabalho jornalístico, viver só por opção tem um custo elevado pelo que os países com mais gente nesta situação são, justamente, os países com melhor nível de vida, a Suécia por exemplo.
No que respeita às situações que decorre do envelhecimento e da perda e companhia familiar, algumas notas.
São recorrentemente noticiadas episódios de velhos que, vivendo sós, morrem sem que alguém se dê conta de tal tragédia, antes de passar um tempo em que se note a falta, quando alguém nota a falta.
Não sou, não quero ser, especialista nestas matérias mas creio que muitas destas pessoas morrem de sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós e perderam o amparo. Algumas pessoas terão morrido de solidão e não de outras causas que possam vir a figurar nas certidões. Quem não vive só mais facilmente resiste às mazelas que a idade trás quase sempre. As pessoas são, espera-se, fonte de saúde e calor. E este universo, as pessoas velhas que vivem só e em isolamento tende a alargar-se conforme os dados do Censo confirmam. Em Lisboa, segundo alguns trabalhos estima-se uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão”.
Esta é que é verdadeiramente a causa de morte de muitos idosos. Por isso e como sempre, para além das necessárias políticas sociais emergentes do estado e das instituições privadas de solidariedade impõe-se a percepção pelas comunidades, designadamente pelas famílias, do drama da solidão e isolamento. Os dados recolhidos e, portanto, conhecidos devem servir de base a políticas ajustadas à realidade.
É também uma questão de redes sociais, mas não das virtuais.

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