O Público apresenta hoje um trabalho muito
interessante sobre as famílias de uma só pessoa, ou seja, as pessoas que vivem
sós.
Tal como se refere na peça tem vindo a aumentar este
universo. Segundo os dados do Censo de 2011, verifica-se um crescimento exponencial
das pessoas que vivem sós, 37,3 % em dez anos, representando agora 21,4 %.
O viver só resulta fundamentalmente da opção
individual por tal condição ou, situação que está em crescimento, conforme também
os dados do Censo, o envelhecimento e a perda da companhia familiar.
Em Portugal a opção por viver só é, sobretudo nos
mais jovens, fortemente condicionada pelas questões económicas decorrentes dos
constrangimentos fortíssimos no mercado de trabalho e pelos custos de habitação
e (sobre)vivência diária. Como se afirma no trabalho jornalístico, viver só por
opção tem um custo elevado pelo que os países com mais gente nesta situação
são, justamente, os países com melhor nível de vida, a Suécia por exemplo.
No que respeita às situações que decorre do envelhecimento
e da perda e companhia familiar, algumas notas.
São recorrentemente noticiadas episódios de
velhos que, vivendo sós, morrem sem que alguém se dê conta de tal tragédia,
antes de passar um tempo em que se note a falta, quando alguém nota a falta.
Não sou, não quero ser, especialista nestas
matérias mas creio que muitas destas pessoas morrem de sozinhismo, a doença que
ataca os que vivem sós e perderam o amparo. Algumas pessoas terão morrido de
solidão e não de outras causas que possam vir a figurar nas certidões. Quem não
vive só mais facilmente resiste às mazelas que a idade trás quase sempre. As
pessoas são, espera-se, fonte de saúde e calor. E este universo, as pessoas
velhas que vivem só e em isolamento tende a alargar-se conforme os dados do
Censo confirmam. Em Lisboa, segundo alguns trabalhos estima-se uma
"realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que
reside sozinha, evidenciando um risco de solidão”.
Esta é que é verdadeiramente a causa de morte de
muitos idosos. Por isso e como sempre, para além das necessárias políticas
sociais emergentes do estado e das instituições privadas de solidariedade
impõe-se a percepção pelas comunidades, designadamente pelas famílias, do drama
da solidão e isolamento. Os dados recolhidos e, portanto, conhecidos devem
servir de base a políticas ajustadas à realidade.
É também uma questão de redes sociais, mas não
das virtuais.
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