Nesta manhã de Domingo, véspera
da minha "rentrée" formal, sim, eu também tenho uma "rentrée", dou de
caras com a inquitetante afirmação da Directora do DCIAP, a Procuradora-geral Adjunta
Cândida Almeida, cito do Público, “Digo olhos nos olhos: O nosso país não é
corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são
corruptos”.
Uma pequena nota inicial para a
preocupação desta afirmação ter sido proferida na Universidade de Verão do PSD
o que pode contribuir para que os jovens que estão a tirar o curso de políticos
acreditem na cândida afirmação da Dra. Cândida e assumam que os comportamentos
que observam em muitos dos seniores sejam o padrão e a normalidade. É muito
feio mentir às criancinhas.
A candura da Dra. Cândida fá-la esquecer, só para
citar algumas notas, que há poucos foi divulgada uma auditoria do Tribunal de
Contas ao negócio de aquisição de 12 helicópteros EH 101 que, de um encargo
previsto de 244 milhões de euros, chegou aos 364 milhões, uma derrapagem de 50
% que envolve, diz o TC, duplicação de facturação. Os exemplos de casos desta
natureza, corrupção, são por demais conhecidos e roubariam um espaço que aqui
não tenho para os enunciar. Parece-me ainda de sublinhar que muitas vezes a
corrupção em termos éticos pode não configurar crime, mas não deixa de ser
corrupção.
Relembro também um Relatório recente produzido no
âmbito da organização Transparency International, envolvendo 24 países europeus
e em Portugal sob a responsabilidade da Associação Transparência e Integridade,
Centro Inteli-Inteligência e Inovação e pelo Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa, em que se refere que o combate à corrupção em Portugal
apresenta “resultados mais baixos do que seria de esperar num país
desenvolvido”, concluindo, entre muitos outros aspectos, que a “troca de
favores” e a “cunha estão institucionalizadas “entre colegas do mesmo governo”.
Ainda dados de um Relatório anterior da
Transparency International, segundo os quais Portugal é um dos 21 países em que
existe "pouca ou nenhuma implementação" da Convenção anti-corrupção
da OCDE.
Por outro lado, considerando ainda indicadores do
Barómetro Global da Corrupção, também no âmbito da Transparency International,
83% dos portugueses acham que piorou a questão da corrupção e 75% não acredita
na eficácia do combate.
Neste quadro, é na verdade preocupante a cândida
visão que a Dra. Cândida tem do País, para mais quando se admite a
possibilidade de que a Dra. Cândida substitua o Procurador-geral Pinto
Monteiro.
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