O Público apresenta um trabalho muito interessante e pertinente sobre as
consequências em termos de dinâmicas familiares que a situação de desemprego
dos pais pode implicar. No trabalho aborda-se questão mais particular da
relação com os filhos que, embora com mais tempo disponível, pode ser ameaçada
na sua qualidade e clima afectivo.
A este propósito, uma pequena história.
Francisco, não saias ainda, deixa-me falar
contigo só dois minutos. Nas últimas aulas tenho achado que não andas muito
bem, distraído, sempre com ar aborrecido. Sentes-te bem?
Setora, o meu pai sente-se muito preocupado
porque diz que na empresa onde ele trabalha dizem que vão despedir mais gente e
ele sente-se com medo. A minha mãe sente-se muito mal porque está desempregada
e as coisas ainda podem ficar pior se o meu pai também ficar desempregado. O
meu pai e a minha mãe, embora não falem disso ao pé da gente, sentem-se
bastante aflitos porque o dinheiro já não chega para tudo e sentem-se com medo
que, como eu a minha irmã andamos a estudar, as coisas fiquem tão difíceis que a
gente fique mal. Como eu estava a dizer, eles fingem que está tudo bem, mas a
gente sente que não. No outro dia quando cheguei ao pé deles estavam a falar em
ter que pedir ajuda, não percebi a quem, porque eles mudaram a conversa e o meu
pai começou a inventar histórias. Tirando isto Setora, eu sinto-me muito bem,
até mesmo bué da bem.
Nem sei o que te dizer Francisco.
Pois é Setora, parece que ninguém sabe.
Sem comentários:
Enviar um comentário