domingo, 23 de setembro de 2012

SENTES-TE BEM FRANCISCO?

O Público apresenta um trabalho muito interessante e pertinente sobre as consequências em termos de dinâmicas familiares que a situação de desemprego dos pais pode implicar. No trabalho aborda-se questão mais particular da relação com os filhos que, embora com mais tempo disponível, pode ser ameaçada na sua qualidade e clima afectivo.
A este propósito, uma pequena história. 

Francisco, não saias ainda, deixa-me falar contigo só dois minutos. Nas últimas aulas tenho achado que não andas muito bem, distraído, sempre com ar aborrecido. Sentes-te bem?
Setora, o meu pai sente-se muito preocupado porque diz que na empresa onde ele trabalha dizem que vão despedir mais gente e ele sente-se com medo. A minha mãe sente-se muito mal porque está desempregada e as coisas ainda podem ficar pior se o meu pai também ficar desempregado. O meu pai e a minha mãe, embora não falem disso ao pé da gente, sentem-se bastante aflitos porque o dinheiro já não chega para tudo e sentem-se com medo que, como eu a minha irmã andamos a estudar, as coisas fiquem tão difíceis que a gente fique mal. Como eu estava a dizer, eles fingem que está tudo bem, mas a gente sente que não. No outro dia quando cheguei ao pé deles estavam a falar em ter que pedir ajuda, não percebi a quem, porque eles mudaram a conversa e o meu pai começou a inventar histórias. Tirando isto Setora, eu sinto-me muito bem, até mesmo bué da bem.
Nem sei o que te dizer Francisco.
Pois é Setora, parece que ninguém sabe.

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