Hoje, num jornal televisivo,
depois de mais algumas notícias sobre os amuos, birras e tristezas do Cristiano
Ronaldo, seguiu-se uma peça sobre os Paralímpicos a decorrer em Londres.
Acompanhámos a prestação de Inês
Fernandes, uma jovem de 24 anos, lançadora do peso, concorrente na categoria
F20, pessoas com a condição de deficiência mental e que atingiu um notável 4º lugar.
A atleta acabou a sua prestação
muito satisfeita pelo resultado e pela circunstância. Ao ser entrevistada, o jornalista
realçando a boa prestação da atleta coloca uma questão que me deixou perplexo.
Depois de na introdução ter
referido como a Inês Fernandes "carrega outros pesos num País que lhe
rouba os sonhos" pergunta-lhe, "o que é que sonha ser quando for
grande?"
A Inês respondeu "neste
momento nada, até já tenho emprego" e refere que na fábrica trabalha das 6
da manhã às 14:30 e às vezes começa às 4 horas, sendo difícil ir ainda treinar, mas tem de ser
assim para fazer as duas coisas, concluiu.
A minha perplexidade decorre,
apesar de ser algo de relativamente frequente, do entendimento que muita gente
expressa de que as pessoas com deficiência mental são eternas crianças, não
crescem, mesmo quando, é o caso da Inês Fernandes, se tem 24 anos e uma
envergadura física bem evidente.
Parece-me claro que a intervenção
do jornalista não será intencionalmente desvalorizadora da Inês, mas num meio
de comunicação social, com o impacto social que obviamente assume, devemos
esperar a promoção de formas mais ajustadas de olhar para as pessoas com
deficiência e entender que crescem e são adultos, devendo ser tratados como tal.
É também uma questão de serviço
público, agora tão presente na agenda.
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