sábado, 29 de setembro de 2012

A DIGNIDADE, UM BEM SEM PREÇO

Este fim-de-semana está, naturalmente, marcado pela realização da manifestação promovida pela CGTP que se antecipa participada, considerando a adesão aos protestos do dia 15 de Setembro.
Para além das razões óbvias que sustentam a contestação às políticas de austeridade cega, assimétrica por porque é desigual e injusta e que, contrariamente, ao que o Governo afirma, não são a ÚNICA alternativa, hoje surgem na imprensa dois excelentes exemplos do que também deve ser contestado, agora, ontem e sempre, o despudor e  a arrogância que insulta os portugueses.
O Ministro Miguel Relvas consegue, em público, referir-se ao problema que pode constituir a falta de confiança dos europeus nas lideranças políticas. De facto, ainda me consigo surpreender, um homem com o trajecto cheio de habilidades, sem currículo decente em termos profissionais, uma ascensão à custa do amiguismo e do aparelho partidário, envolvido em esquemas que são um lodaçal, lembrando ainda a forma como adquiriu um título académico que ofende quem estuda, consegue ainda assumir o despudor de apelar à confiança nas lideranças políticas. Nem humor chega ser e se o fosse, seria de profundo mau gosto.
A segunda nota para o super-ministro sombra António Borges, que além das sucessivas declarações insultuosas sobre, por exemplo, o salário dos portugueses, consegue ofender toda a gente que não concorda com a genial mexida na TSU da forma pretendida pelo Governo. Disse António Borges que os empresários que contestaram a medida são uns ignorantes. Não ouvi que se tenha referido às razões pelas quais os trabalhadores se opuseram, mas presumo que o Dr. Borges entenda que a escumalha que trabalha e que o sustenta não tem mesmo capacidade para entender a inteligentíssima medida que nos tornaria a nós mais pobres e aos mercados, a ele mais rico. Estranhamente, para além do Governo, poucas vozes para além do abutre António Borges se ouviram na dfesa da proposta.
É também por razões e comportamentos deste tipo que as pessoas, que não são estúpidas e sabem que, apesar de entender um esforço de contenção e sacrifício, não podem aceitar sem um sobressalto limites já ultrapassados e discursos ofensivos pela insensibilidade, o despudor e a arrogância.
É uma questão de dignidade, um bem sem preço.

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