A escritora Maria Teresa Horta
recusou receber o importante prémio literário D. Dinis, atribuído pela Fundação
Casa de Mateus, das mãos do Primeiro-ministro. Justificou a recusa com o
conjunto de políticas desenvolvidas pelo Governo de que Passos Coelho é
responsável.
A posição de Maria Teresa Horta
será certamente criticada, desvalorizada ou ridicularizada por muitos e,
simultaneamente, elogiada por alguns outros.
Do meu ponto de vista,
independentemente de um juízo de valor que não pretendo fazer, entendo-a como
uma tomada de posição pouco frequente em nome de uma coerência com o olhar
através do qual se vê o mundo. Nos tempos que correm não é coisa pouca.
Gosto de o entender como uma
expressão de algo que está em vias de desaparecimento, o romantismo, do
discurso político. Num tempo marcado por calculismo e estratégia, contas e
folhas de excel, onde as pessoas pouco contam, uma posição que é "apenas"
uma afirmação pessoal, individual, assume uma ideia romântica de combate político.
Na verdade, posições desta
natureza começam a ser cada vez mais raras, têm custos que nem todos estamos
preparados ou disponíveis para pagar.
3 comentários:
Ainda bem que há coerências como esta! "Fora do tempo" infelizmente mas que dão o exemplo a outros.
Parabéms Teresa horta e pela divulgação desta atitude
Pois... PPC é mau, Vasco Graça Moura já é bom?
Conheço uma situação semelhante não há muito tempo, mas as pessoas "inventaram" uma homenagem ao autor e ninguém andou a pavonear-se nos jornais.
Pelo menos o Vasco Graça moura traduziu a Divina Comédia de Dante ou as Rimas de Petrarca, é um bocadinho diferente do que ir ver as revistas do La Feria. Digo eu.
Abraço
António Caroço
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