No dia 19 de Setembro, o Ministro
Nuno Crato afirmou no Parlamento que o ano lectivo abriu com toda a normalidade
sendo que as aulas apenas não se iniciaram em cinco escolas.
O Ministro vai revelando uma
inesperada dificuldade em acertar com os
números, todos os dias se conhecem exemplos de escolas em que, devido à enorme
trapalhada, morosa, cheia de erros e habilidades que tem sido a colocação dos
professores, existem alunos sem as aulas com os professores que ficarão durante o ano ou mesmo sem aulas. Há pouco relatava-se num jornal
televisivo mais duas situações em que alunos do 1º ano estavam
"entretidos" à espera que um dia destes chegasse a professora.
Creio que seria desejável que
alguém conseguisse explicar ao Professor Crato que "normalidade"
talvez não seja a melhor forma de caracterizar o clima e as circunstâncias em
que se está a iniciar o ano escolar. Como sempre digo, a realidade não é
exactamente a projecção dos nosso desejos.
Estes atrasos são como é óbvio
extremamente inquietantes em qualquer circunstância, mas a situação de
perturbações no 1º ano de escolaridade merecem uma nota mais particular.
Apesar da maioria das crianças ao entrar para o
primeiro ano de escolaridade já ter passado, felizmente, pela educação
pré-escolar, a entrada na escola, ou melhor, o processo de entrada, continua a
ser uma experiência fundamental para o lançamento de um percurso com sucesso.
Em muitíssimas circunstâncias da nossa vida,
quando alguma coisa não correu bem é possível recomeçar e tentar de novo com a
expectativa de se ser melhor sucedido. A maioria de nós, para não dizer todos,
já experimentou episódios desta natureza, seja com companheiras ou
companheiros, curso, emprego, casa, etc. Sempre que recomeçamos esperamos que
vá ser mais positivo.
O processo de entrada na escola é dos poucos que
quando corre mal já não é possível voltar atrás e entrar de novo com a
esperança de que a coisa vá correr melhor.
Torna-se, pois, essencial que este processo de
entrada na escola seja pensado e orientado, que crie as rotinas, a adaptação e
a confiança em miúdos e em pais, indispensáveis à aprendizagem bem sucedida.
Os atrasos no começo, uns dias com um professor
que os "ocupa" enquanto esperam pelo professor que será de ser o seu,
a instabilidade sentida na escola e nos pais, não constitui, longe disso, a
melhor forma de começar a sua vida de aluno.
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