Era uma vez um homem, chamava-se Incompreendido,
um nome assim um bocado estranho. Tratava-se de um indivíduo que se achava mais
conhecedor sobre qualquer matéria que a generalidade das pessoas, mas quase
ninguém parecia compreender a imensidade do seu saber.
As suas decisões sobre o que quer que fosse,
eram, obviamente, as mais acertadas. Estranhamente, havia pessoas que não
compreendiam a excelência do seu julgamento. As suas opiniões eram,
naturalmente, as opiniões que se deveriam ter em conta. No entanto, algumas
pessoas não compreendiam tamanha competência. Estas circunstâncias levavam a
que o Incompreendido, ao verificar a inexplicável falta de compreensão revelada
por muita gente, se sentisse, claro, mais incompreendido.
Assim, muitas vezes se exasperava com as pessoas
que não o compreendiam, manifestava o seu enorme desagrado com isso tornando-se
ainda mais insistente no seu comportamento de incompreendido e injustiçado na
sua imensa sabedoria, competência e visão.
A partir de certa altura, devagarinho, as vozes
dos que não compreendiam foram-se calando, por cansaço, habituação ou
desistência. Finalmente, chegou um dia em que o Incompreendido não teve quem
não parecesse compreendê-lo na sua inatingível condição. Quando olhou à sua
volta, percebeu e descansou. As pessoas estavam exactamente iguais a si,
pareciam fotocópias perfeitas.
Nessa noite, pela primeira vez desde há muito,
adormeceu com um pensamento tranquilo e num mundo perfeito, “agora
compreendem-me”.
1 comentário:
Posso, roubar o texto? vou colocar em incompreendido.wordpress.com
vou manter o creditos como é obvio.
Se não quiser a divulgação, por favor diga. Cumprimentos
Enviar um comentário