O Primeiro-ministro anunciou hoje em Bruxelas
pela enésima vez que a “recessão está a abrandar” o que indicia a “viragem
económica até ao fim do ano”. Ao que parece, terá proferido estas afirmações com
um ar formal, pose de estado, como lhe chamam. Também não sei se quem ouviu
conseguiu conter um sorriso, amarelo, já se vê. Eu não consegui.
A propósito de previsões, recordo que em Maio, a
OCDE divulgava previsões que contrariavam as previsões do Governo que nos
administra e da Troika que nos governa no que respeita à recessão e ao
crescimento. Para 2013, a OCDE prevê uma recessão de 2.7% enquanto Governo e
Troika apontam para 2,3% e no crescimento para 2014 a OCDE indicia 0.2% face a
0.6% previstos pelo Governo e pela Troika.
Parece que as previsões continuam a não
coincidir.
Recordo ainda um trabalho muito interessante
realizado pelo I sobre o que designou por o "mundo delirante das previsões
da troika" centrado, naturalmente na falha clamorosa de todas as previsões
elaboradas pelos especializados e geniais técnicos que administram e governam o
país exemplificando com dados relativos ao défice, ao crescimento ou ao
desemprego.
Sabemos da falibilidade da obra humana mas é
demasiado grave que estes gurus acompanhados, pelos seus adjuntos internos,
Passos Coelho, Vítor Gaspar os geniozinhos que os rodeiam definam um conjunto
de políticas gravosas, promotoras de exclusão e pobreza assentes em falhas
inaceitáveis dos seus modelos de análise e que de tal processo não se extraia
uma conclusão óbvia, é necessário e urgente redefinir modelos e políticas mas
na qual, como parece óbvio, os adjuntos internos da troika não estão
minimamente interessados.
O resultado de tudo isto é uma persistência cega
e surda e uma inabalável fé nos seus falíveis modelos, traduzidas no “custe o
que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e mesmo
na definição de objectivos de uma política "over troika", atingindo
claramente o limite do suportável afectando gravemente as condições de vida de
milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou melhor, estamos a falar
do efeito das políticas na vida das pessoas.
Este "mundo delirante das previsões da
troika", como lhe chama o I, seria um bom exemplo da conhecida metáfora do
burro meteorologista, não fora a tragédia que causa na vida de milhões de
pessoas.
Aliás, por falar em meteorologia, há uns dias
mereceu ampla divulgação umas previsões com origem em França que apontavam no
sentido de que o próximo Verão será o mais frio dos últimos duzentos anos.
Alguns especialistas olham com reserva estas previsões na medida em que os
modelos probabilísticos usados contêm níveis significativos de falibilidade.
Continuamos com um problema de modelos e da sua
falibilidade.
No entanto, creio que estas previsões da
meteorologia e apesar da falibilidade dos modelos, parecem mais acertadas. Muitos
milhares de portugueses irão viver um Verão, que apesar do calor de hoje, muito
frio, com a esperança congelada e com um forte arrefecimento no ânimo e na
confiança.
1 comentário:
O sr. pedro passos coelho (o uso das minúsculas é propositado) sofre de BULÍMIA no seu HÁBITO de MENTIR.
VIVA!
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