terça-feira, 4 de junho de 2013

UM HOMEM CHAMADO SEM NADA

Era uma vez um homem chamado Sem Nada. Como é de tradição nasceu de um Sem Nada e Sem Nada ficou.
Toda a sua vida foi um homem que, como agora se diz, não teve oportunidades, ou se teve, não deu por isso, ou ainda, se as teve não as aproveitou.
Cresceu como crescem os Sem Nada, por ali, por aqui, em risco e sem projecto, como agora se diz.
A sua vida adulta foi uma sucessão de desencontros com os afectos e de passagens breves por actividades avulsas que foram autorizando a sobrevivência do Sem Nada num mundo de instabilidade e incerto, como agora se diz.
Velho, o Sem Nada arrumou-se onde se arrumam os velhos como o Sem Nada, sós no meio dos outros iguais a si à espera do que nunca teve e jamais terá.
Finalmente, saiu da vida exactamente como entrou, Sem Nada.
Assim se cumpriu o destino dos Sem Nada.

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