Segundo dados da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços
Prisionais, o custo médio diário dos jovens internados, pela prática de
delinquência, nos oito Centros Educativos é de 133€, mais do dobro do
custo de um recluso adulto. Em Abril estavam internados 280 jovens, um
acréscimo que não se estranha de 7% relativamente a Dezembro de 2012. Aliás, no mesmo sentido, ontem, creio, era notícia na imprensa a sobrelotação de muitas das prisões
portuguesas.
Como é evidente, os custos da delinquência são altíssimos
pelo que provavelmente devem acentuar-se os dispositivos de prevenção. Por
outro lado, importa não esquecer que de acordo com a própria lei e considerando
a idade dos envolvidos, o internamento em Centros Educativos obriga à definição
de um Projecto Educativo contemplando formação pessoal, escolar e profissional,
ferramentas essenciais aos desejados processos de reabilitação, fim último do
internamento.
Na verdade, a resposta das comunidades à situação de
crianças e jovens pré-delinquentes ou delinquentes tem como há dias referi de
ser repensada. Segundo dados da Direcção Geral de Reinserção, cerca de 40% dos
adolescentes internados voltam aos Centros Educativos ou às prisões após os 16
anos. Esta altíssima taxa de reincidência mostra a falência do Projecto
Educativo, obrigatoriamente definido para todos os adolescentes internados que
assentaria em dois eixos fundamentais, formação pessoal e formação escolar e
profissional. É neste âmbito que o trabalho tem que ser optimizado. É
imprescindível que os meios humanos e os recursos materiais sejam suficientes
para que se minimize até ao possível os riscos de reincidência.
Há poucas semanas a Comissão de Acompanhamento e
Fiscalização dos Centros Educativos apresentou uma proposta no sentido de criar
estruturas a que chama "casas de autonomia" destinadas a jovens delinquentes
com penas de internamento superior a um a ano e que "proporcionariam um
período de "supervisão intensiva", uma espécie de liberdade
condicional" que mediasse a reinserção social desses jovens.
Pareceu-me uma medida interessante tendo a Ministra da
Justiça afirmado que se iria estudar as suas implicações e custos.
Por outro lado, o Relatório CASA -Caracterização Anual da
Situação de Acolhimento de Crianças e Jovens, da Segurança Social relativo às
instituições que procuraram constituir-se como alternativa às grandes e
ineficazes instituições, também divulgado há poucas semanas, inventariou
problemas muito sérios, falta global de respostas impeditivo de responder
através de estruturas mais pequenas (mais familiares), falta de recursos
técnicos e emerge uma situação preocupante, aumento da idade dos jovens
acolhidos e, simultaneamente, um aumento significativo de comportamentos
anti-sociais que podem prenunciar projectos de vida muito complicados.
Fica certamente mais caro lidar com a delinquência
provavelmente praticada por estes jovens reincidentes e ainda mais caro quando
se tornarem adultos do que investir na qualidade dos Centros Educativos e dos
Lares de Acolhimento para que sejam, de facto, educativos. É neste contexto que
é imprescindível um redimensionamento da rede de Centros Educativos e de Lares
e um forte investimento nos recursos técnicos de que dispõem, nos meios,
espaços e equipamentos. Só assim poderão cumprir a sua função, proporcionar a
jovens em privação de liberdade a construção de um Projecto de vida, com
qualificação escolar e profissional, formação pessoal e uma ideia de futuro que
minimize o risco de reincidência.
Apesar da punição e a detenção constituírem um importante
sinal de combate à sensação de impunidade instalada, é minha forte convicção de
que só punir e prender não basta, como não basta retirar as crianças ou jovens
de ambientes familiares de risco e acomodá-las em instituições.
Assim, sabendo que prevenção e programas comunitários e de
integração têm custos, importa ponderar entre o que custa prevenir e os custos
posteriores do mal-estar e da pré-delinquência ou da delinquência continuada e
da insegurança.
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