terça-feira, 18 de junho de 2013

HISTÓRIA DE FAMÍLIA COM PROFESSOR NO MEIO

Nestes dias em que alguns, intencionalmente ou por arrasto, tentam diabolizar a imagem dos professores deixem-me partilhar uma história que, devo confessar, não me agrada nada contar mas é real, passou-se com um amigo meu e é um preocupante sinal dos tempos.
Estava este meu amigo num café, quando entrou uma família com um gaiato de nove ou dez anos. Ao pé do balcão, o miúdo começou a pedir, a exigir como agora fazem muitos miúdos, determinada pastilha, bolo ou qualquer coisa do género. Os pais não acediam ao pedido e quando a mãe, de forma mais veemente, negou pela enésima vez a exigência, o miúdo disparou um sonoro, “vai à merda”. A mãe, zangada, levantou a mão e ameaçou ruidosamente, “levas uma estalada, pensas que sou a tua professora?”. Extraordinário.
A história, em si, dispensa obviamente comentários, mas o que significa é perturbador. Entendo que todos, professores incluídos, temos certamente alguma responsabilidade neste abastardamento progressivo da imagem social de uma classe profissional que exerce uma função insubstituível, assegura uma dimensão muito significativa do processo de educação e formação das pessoas.
O grande desafio que enfrentamos é inverter este trajecto e devolver aos professores uma imagem de respeito e confiança, sem a qual a sua tarefa é impossível.
É o que se espera de todos, incluindo professores, quem os representa e quem os gere.
Os últimos dias têm sido particularmente elucidativos.

1 comentário:

crs disse...

Que bonita estória.... Pensar-se-ia uma terrível piada de mau gosto. Efetivamente tristes estes tempos... como docente a minha tarefa mais difícil ultimamente tem sido explicar porque é tão justa esta luta precisamente a muitos que me conhecem ou familiares e que sabem supostamente melhor que ninguém da minha vida e do meu trabalho. Mas não desisto e não baixo os braços, vou partilhando eventos mais felizes e opiniões mais felizes que as tristes justificações do ministro e das vozes que ali se encostam. Não chega, claro está. Injusta a nossa posição numa luta em que muitos nos vêem como menores e, efetivamente, todos nos tentam bater!