quinta-feira, 20 de junho de 2013

EDUCAÇÃO, INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

De vez em quando, no meio destes dias de chumbo surgem boas notícias.  Um dos mais conhecidos rankings relativos ao ensino superior,  o da revista britânica Times Higher Education, coloca as universidades de Aveiro, Minho e Nova de Lisboa entre as 100 melhores instituições de ensino superior com menos de 50 anos, na verdade uma boa notícia relativa ao ensino superior e investigação em Portugal.
No entanto, também nesta matéria o futuro próximo não é animador. Há pouco, o Professor Sobrinho Simões, reconhecido investigador e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular do Porto, uma das mais prestigiadas instituições portuguesas de investigação, alertava hoje para os efeitos graves dos cortes cegos no financiamento da investigação. Diz Sobrinho Simões que “a frágil formação superior dos políticos” e os cortes financeiros impostos pela troika são um “cocktail perigoso” para  o universo da investigação em Portugal.
Relembro ainda que em Outubro de 2012 um grupo muito significativo de bolseiros de investigação, cerca de 3200, assinou uma carta aberta dirigida ao Ministro da Educação e da Ciência contestando o novo Estatuto do Bolseiro que, do seu ponto de vista, alimenta a precariedade e diminui a qualidade das condições gerais para o seu trabalho de produção científica.
Conheço pessoalmente muitos casos de jovens (e não só), altamente qualificados, que têm como expectativa de vida saltitar pela sobrevivência de projecto em projecto, gerindo os atrasos e as alterações, desempenhando muitas vezes tarefas que não deveriam ser suas, ou integrarem o contingente dos 100 000 jovens que anualmente “fogem” do país correndo atrás de um futuro que aqui lhes é negado.
Curiosamente esta posição dos bolseiros e as recorrentes preocupações com a asfixia do ensino superior também coincidiu uma tomada de posição de 42 personalidades com Prémios Nobel, alertando as autoridades da Comissão Europeia para os riscos do desinvestimento na ciência.
Está estudada e reconhecida de há muito a associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e o desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de vida e condições de saúde, por exemplo.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e prioridades de quem lidera. O problema como referia o Professor Sobrinho Simões é que "os nossos políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do valor do ensino superior e da investigação".
Vamos ser optimistas.

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