"O Governo conseguiu
estabilizar uma situação financeira particularmente grave e difícil para
Portugal e está agora numa situação de poder oferecer esperança aos portugueses",
afirmou o "Ministro da Comunicação", Poiares Maduro, depois do Conselho de
Ministros informal realizado em Alcobaça que assinalou os dois anos de Governo
e no qual, parece, se discutiu os próximos dois.
É certo que a situação financeira
era grave e que, por isso mesmo, o Governo encontrou um ambiente inicial
propício a mudanças significativas, os portugueses consideravam globalmente a
necessidade de ajustamentos.
O que muitos de nós temos dificuldade em entender passados dois anos, é o caminho seguido, é a ideia do
empobrecimento, custe o que custar, num país pobre, é entender perto de três milhões em risco
de pobreza e exclusão, um milhão e meio de desempregados, mais de metade dos quais, sem
subsídio e com a expectativa de que o aumento se mantenha sendo que entre os
mais jovens a situação é mais grave, 42.5% de desempregados e com o futuro
hipotecado, é entender cortes sucessivos nos rendimentos das famílias e uma brutal e asfixiante carga fiscal. Isto é que na verdade os
portugueses, muitos portugueses, têm dificuldade em entender.
Vão sendo múltiplos os sinais
sobre os potenciais riscos que a ultrapassagem dos limites que a ameaça à
dignidade e à sobrevivência podem envolver, mesmo num país que gosta de se
considerar de brandos costumes. Muitas vozes dão constantes sinais de alerta
sobre a insustentabilidade das condições de vida de muitas, demasiadas, pessoas.
Tudo o que vem sendo anunciado em
matéria de continuidade das políticas para esta legislatura, apesar de se
entrar dentro de um ano em período pré-eleitoral com as habituais tentações e
jogos políticos, não autoriza o discurso do Ministro da Comunicação. A
esperança anda muito arredia dos sentimentos da maioria de nós, antes pelo
contrário a desesperança impera e creio que ninguém acredita que este caminho
seja o da boa esperança, é mesmo o das tormentas. É verdade que a comunicação
em política passa com muita frequência por falar da realidade, não como ela existe
mas como se queria que ela fosse, ou seja, transforma-se a realidade na projecção
dos desejos de quem comunica.
Hoje quando o Sol se esconder,
vou ficar a olhar o céu, a ver uma super-lua cheia bonita e brilhante.
Amanhã volto à terra, à nossa
terra que anda triste, pobre e doente.
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