domingo, 23 de junho de 2013

A ESPERANÇA, A DESESPERANÇA E ... UMA LUA BONITA

"O Governo conseguiu estabilizar uma situação financeira particularmente grave e difícil para Portugal e está agora numa situação de poder oferecer esperança aos portugueses", afirmou o "Ministro da Comunicação", Poiares Maduro, depois do Conselho de Ministros informal realizado em Alcobaça que assinalou os dois anos de Governo e no qual, parece, se discutiu os próximos dois.
É certo que a situação financeira era grave e que, por isso mesmo, o Governo encontrou um ambiente inicial propício a mudanças significativas, os portugueses consideravam globalmente a necessidade de ajustamentos.
O que muitos de nós  temos dificuldade em entender passados dois anos, é o caminho seguido, é a ideia do empobrecimento, custe o que custar, num país pobre, é entender perto de três milhões em risco de pobreza e exclusão, um milhão e meio de desempregados, mais de metade dos quais, sem subsídio e com a expectativa de que o aumento se mantenha sendo que entre os mais jovens a situação é mais grave, 42.5% de desempregados e com o futuro hipotecado, é entender cortes sucessivos nos rendimentos das famílias e uma brutal e asfixiante carga fiscal. Isto é que na verdade os portugueses, muitos portugueses, têm dificuldade em entender.
Vão sendo múltiplos os sinais sobre os potenciais riscos que a ultrapassagem dos limites que a ameaça à dignidade e à sobrevivência podem envolver, mesmo num país que gosta de se considerar de brandos costumes. Muitas vozes dão constantes sinais de alerta sobre a insustentabilidade das condições de vida de muitas, demasiadas, pessoas.
Tudo o que vem sendo anunciado em matéria de continuidade das políticas para esta legislatura, apesar de se entrar dentro de um ano em período pré-eleitoral com as habituais tentações e jogos políticos, não autoriza o discurso do Ministro da Comunicação. A esperança anda muito arredia dos sentimentos da maioria de nós, antes pelo contrário a desesperança impera e creio que ninguém acredita que este caminho seja o da boa esperança, é mesmo o das tormentas. É verdade que a comunicação em política passa com muita frequência por falar da realidade, não como ela existe mas como se queria que ela fosse, ou seja, transforma-se a realidade na projecção dos desejos de quem comunica.
Hoje quando o Sol se esconder, vou ficar a olhar o céu, a ver uma super-lua cheia bonita e brilhante.
Amanhã volto à terra, à nossa terra que anda triste, pobre e doente.

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