A greve anunciada teve o resultado previsível, boa parte dos
alunos não realizaram os exames pelo que terão de o fazer em 2 de Julho e
muitos dos que o fizeram, realizaram-no em condições inaceitáveis de
instabilidade e agitação.
Não é importante para mim que o MEC venha dizer que 70% dos alunos realizaram o exame, um só que o não
tivesse feito por motivos que lhe são exteriores e era mau.
Não é importante para mim que os sindicatos dos professores
refiram uma das maiores greves de sempre e falem de 90% de adesão, os males da educação são maiores do que os resultados de uma greve por mais significativos que sejam.
Tudo isto aconteceu como não podia acontecer.
Os motivos de descontentamento dos professores, como sempre
tenho afirmado, para além dos aspectos profissionais mais restritos sobre os
quais não me pronuncio, são problemas da comunidade na medida em que estando em
causa a qualidade da educação, está em causa o futuro o que nos envolve a todos.
No entanto, a gestão de todo este processo assentou num
braço de ferro insensato com uma fuga para frente por parte do MEC que, também
o disse, tinha todas as condições para acabar mal.
A deriva do MEC, mascarada de resistência aos sindicatos, conseguiu
que o resultado fosse este, exames que se realizaram e não deviam, boa parte de
exames não realizados, exames repetidos que trarão nova discussão, por exemplo,
sobre o grau de dificuldade e o questionamento da equidade entre os alunos.
Não adianta a insistente diabolização dos sindicatos, a marcação
de uma greve de professores, como de qualquer outro grupo, implica
consequências e impactos, por isso não se fazem nas férias ou ao fim-de-semana.
Ao MEC compete a gestão desses impactos e a decisão
inteligente e sensata sobre como lidar com eles.
A insensatez e a decisão “adolescente” de vamos com a guerra
até ao fim pois, provavelmente, os sindicatos não mobilizam a classe e
convocando todos os docentes disponíveis deve ser possível fazer as provas, deu
no que deu.
Os números conhecidos sobre a adesão à greve parecem indicar,
como também me parecia estar a acontecer, que os motivos de descontentamento
dos professores, o seu grau de indignação e desesperança eram maiores que a
influência dos sindicatos.
E agora Ministro Nuno Crato?
Tendo anunciado a implosão do Ministério, está a errar, parece ser a própria educação que está a implodir.
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