Por curiosidade e comparação com a taxa oficial de
desemprego em Portugal, 17,8%, a taxa
média de desemprego no grupo de países da OCDE é de 8% e na União Europeia 11%,
sendo que na Alemanha é inferior a 5.5%. É ainda relevante recordar os
42.5% de jovens afectados pelo desemprego.
Estes são os números que de acordo com Cavaco
Silva preocupam todos. Não é verdade, lamento mas, respeitosamente, à cautela,
não é verdade.
Passos Coelho e os seus geniais colaboradores não
parecem verdadeiramente preocupados.
Vítor Gaspar insiste, para alem das análises ao
impacto da meteorologia, que estamos no bom caminho e o geniozinho Carlos
Moedas, há alguns dias, para justificar o que está a ser feito na nossa
economia, afirmou que as pessoas “só acabam com os maus hábitos quando
enfrentam choques”.
Na verdade, um milhão de meio desempregados
incluídos em perto de três milhões de portugueses estão a acabar com os maus
hábitos que tinham e que nos arrastaram para o inferno que atravessamos.
Muitos portugueses ficam em casa, não saem para o
trabalho e poupam nos transportes perdendo o mau hábito de andar todos os dias.
Muitos portugueses passam dificuldades em
satisfazer necessidades básicas como alimentação, luz e água, perdendo os maus
hábitos que adquiriram de comer a todas as refeições, terem a luz acesa, usarem
o gás para cozinhar e tomar um duche por dia.
Muitos miúdos chegam com fome à escola, perdendo
os maus hábitos alimentares que os estavam a levar à ameaçadora obesidade.
Muitos velhos, ainda hoje a imprensa referia, não
compram os medicamentos que lhes são prescritos e perdem os maus hábitos de se intoxicarem com medicamentos.
Muitos portugueses estão a deixar de recorrer aos
serviços de saúde por falta de meios, perdendo o mau hábito de usarem as salas de
espera dos serviços como programa de ocupação de tempos livres.
Muitos jovens não acedem ao sonho da independência
na habitação e a um projecto de vida com filhos perdendo o mau hábito de querem
ter uma família e uma casa para viver.
Finalmente também me parece preocupante a
retórica inconsequente do Presidente da República.
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