O Governo prepara uma proposta no
sentido de controlar a produção de graffitis ou a afixação de cartazes, bem
como outras formas usadas na modificação de paredes ou equipamentos diversos no universo da chamada arte urbana.
Devo confessar que me desagradam
profundamente os atentados que se verificam em muitas zonas urbanas em que as
pinturas e ou mensagens não têm rigorosamente a ver com produção de natureza artística
ou a divulgação de mensagens políticas, assim como a sobreutilização de
cartazes a divulgar tudo e mais alguma coisa e que constituem focos de poluição
visual que devem ser regulados para
prevenir o vandalismo que, naturalmente, deve ser prevenido e combatido.
Também me parece que em algumas circunstâncias, a linha que separa o aceitável do não aceitável é ténue e de difícil definição, dada a enorme carga de subjectividade envolvida. Também não me parece ajustado colocar no mesmo plano a afixação de cartazes e a pintura ou a escrita, por exemplo.
Também me parece que em algumas circunstâncias, a linha que separa o aceitável do não aceitável é ténue e de difícil definição, dada a enorme carga de subjectividade envolvida. Também não me parece ajustado colocar no mesmo plano a afixação de cartazes e a pintura ou a escrita, por exemplo.
Dito isto, também acho
absolutamente escandaloso que património público seja negligenciado e maltratado
pelo próprio estado. São múltiplos os exemplos de edifícios de interesse e
valor arquitectónico ou cultural que estão em degradação acentuada por
responsabilidade de quem agora quer "proteger" as fachadas e espaços
públicos.
Por outro lado, sinais dos
tempos, acentua-se a tentação de tudo regular e burocratizar numa ansia de
controlo sobre os comportamentos dos cidadãos que se torna asfixiante. A
utilização do graffiti ou de mensagens
deixadas numa parede são parte integrantes da vida urbana e muitas vezes
cumprem uma função social relevante em termos de inovação cultural ou de
envolvimento cívico de formas não integradas nos modelos dominantes.
É difícil imaginar um processo
administrativo de apresentação às "entidades competentes" de um
projecto de graffiti ou mensagem a inscrever numa parede, com "autorização
expressa do proprietário", sendo que com frequência estas intervenções
ocorrem em estruturas abandonadas, assente numa série de documentação, que será
analisada pelos "serviços" e que certamente de forma rápida poderão
autorizar, ou não, a intervenção, dependendo, naturalmente, dos critérios a
definir. Delirante. Creio que a consequência é a situação ... continuar como está e surgirem de quando em vez umas multas inconsequentes.
No entanto, pode acontecer que a seguir venha, de novo, a licença
para usar o isqueiro de que ainda me lembro. Tem ainda a não despicienda vantagem de ser mais uma fonte de receita.
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