quarta-feira, 26 de junho de 2013

UM HOMEM CHAMADO ESTRANHO

Era uma vez um homem chamado Estranho. Viveu sempre só. Quando era pequeno não tinha amigos porque os pais dos outros miúdos sempre os avisavam de que não se deviam dar com Estranhos, não se deviam aproximar de Estranhos, para terem muito cuidado com os Estranhos.
Quando era adolescente, o Estranho passava o tempo só, não havia ninguém como ele, Estranho. Todos os rapazes e raparigas arranjavam um grupo para pertencerem e se sentir bem, mas como não havia nenhum grupo de Estranhos, o Estranho ficou entregue a si mesmo.
Quando chegou a adulto procurou alguém que quisesse partilhar a vida com ele. Não encontrou. Afinal, não é fácil encontrar alguém que goste e queira viver com um Estranho.
No seu trabalho, nas mais das vezes, estava no seu canto, sempre com o seu ar de Estranho. Os colegas, naturalmente, não se aproximavam de alguém com aquele ar de Estranho.
Em velho fechava-se nos livros, ninguém estava particularmente interessado na companhia de um velho Estranho.
Finalmente alguém se aproximou dele, do Estranho. Como sabem, a Morte não liga a nomes, mesmo de alguém que se chame Estranho.

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