Desde Camões que sabemos que o mundo é composto
de mudança, tomando sempre novas qualidades, umas mais simpáticas que outras, deve dizer-se.
Em relatório hoje divulgado, o Observatório
Europeu da Droga e da Toxicodependência registou em 2011 o aparecimento de 49
novas drogas que são basicamente comercializadas através das smartshops, ao
abrigo do modelo “alternativas lícitas às drogas ilícitas” assente em algumas
ambiguidades legais. O mesmo relatório afirma que em 2012 já estão
identificadas 50 novas drogas. Há poucas semanas foi noticiada a intensificação
e aprofundamento da legislação sobre este “nicho” do mercado comercial.
Por outro lado, é ainda de salientar a tendência
crescente da utilização da net e das redes sociais como suporte à venda de
drogas ou medicamentos. Nada de surpreendente, poderíamos mesmo dizer, sinais
dos tempos. Se as redes sociais podem assumir papéis significativos em
movimentos sociais e políticos, porque não no tráfico de droga, uma das mais
lucrativas actividades dos nossos dias.
Este cenário, não só pelas suas consequências,
mas pela “facilidade” de funcionamento e da dificuldade do combate, necessita
de uma política séria de prevenção e tratamento para além do combate ao tráfico
que possa, tanto quanto possível, contar com os recursos adequados.
A questão preocupante e que tem sido motivo
regular de alerta por parte de especialistas, é que os cortes e as mudanças
projectadas para Janeiro podem implicar constrangimentos significativos nos
recursos humanos disponíveis e na manutenção ou alargamento da resposta de
serviços, por exemplo na área do atendimento de proximidade, justamente uma das
abordagens com maior potencial de eficácia.
Existem áreas de problemas que afectam as
comunidades em que os custos da intervenção são claramente sustentados pelas
consequências da não intervenção, ou seja, não intervir ou intervir mal é
sempre bastante mais caro que a intervenção correcta em tempo oportuno. A
toxicodependência e o consumo do álcool são exemplos dessas áreas.
Quadros de dependência não tratados
desenvolvem-se habitualmente, embora possam verificar-se excepções, numa
espiral de consumo que exigem cada vez mais meios e promove mais dependência.
Este trajecto potencia comportamentos de delinquência, alimenta o tráfico,
reflecte-se nas estruturas familiares e de vizinhança, inibe desempenho
profissional, promove exclusão e “guetização”. Este cenário implica por sua vez
custos sociais altíssimos, persistentes e difíceis de contabilizar.
Costumo dizer em muitas ocasiões que se cuidar é
caro, façam as contas aos resultados do descuidar.
2 comentários:
bom dia...sou mae de um adolescente, julgando-se homem já !!
parece que têm o mundo a seus pés...
sou bastante atenta a tudo novo que surge, mas como adolescent qe já fui, tudo se consegue encobrir dos pais.
Gostei do blog...vou segui-lo.
obrigada.
Maria
Obrigado Maria
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