sexta-feira, 1 de novembro de 2013

PORTA-AVIÕES AO FUNDO

No meu tempo de aluno do ensino básico tínhamos formas bastante mais tranquilas de andar aos tiros na escola, quando a escola não nos interessava, do que por vezes, tragicamente, se verifica hoje, jogávamos à batalha naval. Provavelmente se perguntarmos aos miúdos de hoje se jogam à batalha naval perguntarão para que consola é o jogo. É um sinal da mudança, nós também não sabíamos o que era uma Play Station.
Uma vez na aula de Matemática, creio que do 5º ano, (actual 9º), eu o meu amigo Sequeira tínhamos trocado a realização de exercícios por uma animada batalha naval, os cálculos eram mais estimlantes. Como era nossa característica, realizávamos as tarefas escolares com o maior dos empenhos, de tal maneira que nem demos pela aproximação da Setôra. Chegou de mansinho e, de repente, uma mão tira-me o papel do jogo e uma voz zangada, muito zangada, disse “porta-aviões ao fundo” e sem mais dirige-se para o cesto dos papéis onde afundou toda a armada, com mar e tudo, a minha e a do Sequeira.
Não sei se naquela altura já tinham inventado a ideia de assertividade mas a de autoridade era já bem conhecida, pelos professores que a tinham, naturalmente, como hoje, aliás. Com aquela voz e aquele olhar na memória, nunca mais me apeteceu jogar batalha naval nas aulas. De Matemática, pelo menos.

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