Por vezes a política educativa do Ministro da Examinação
Nuno Crato faz-me lembrar o atarantado caçador que dispara contra tudo o que
mexe, acertando nos colegas, no cão na fruta das árvores, ou, por vezes, …
nalguma peça de caça. No entanto, apago logo a lembrança pois de atarantado
Nuno Crato tem nada, ou seja, o Ministro sabe muito bem o que está a fazer,
aproveitando o tempo que tem, esperemos que pouco, para cumprir a sua visão da
educação e reanimar o “negócio” tornando-o atractivo, rentável e acessível. É por
isso que cada dia temos um tiro novo.
Agora é o inacreditável prazo de sete meses para as
instituições de ensino superior que formam professores alterarem os seus planos
de estudos. O prazo curtíssimo e inaceitável é para que a Agência de Avaliação
e Acreditação do Ensino Superior possa acreditar os novos planos de estudos
antes das candidaturas do próximo ano lectivo, cuja oferta irá também ser
determinada pelo Ministro da Examinação.
A reformulação dos cursos como já foi anunciada tem como
orientação (?) fundamental o reforço da componente científica relativa à área
que cada docente irá ensinar. Como já referi, a propósito da Sinistra Prova,
cujo processo, para vergonha e espanto, está em curso, qualquer pessoa dentro
do universo da Educação em Portugal, tem clara consciência que, em termos
globais pois existem sempre excepções, o conhecimento científico dos
professores, sobre as matérias que ensinam não é um problema central. É
razoavelmente evidente, só para dar alguns exemplos, que para além do
conhecimento científico da matéria que se ensina, importa o conhecimento sobre
a forma de ensinar essa matéria, a forma de aprender essa matéria e a forma de
avaliar essa matéria. Claro que o Ministro da Examinação do alto da arrogância
da ignorância entende que ensinar Matemática numa turma do 3º ciclo com 30
alunos de uma escola cheia de problemas ou ensinar Matemática a uma turma de
igual efectivo um estabelecimento privado altamente exclusivo é “apenas” um
problema de saber … Matemática.
Estas considerações e a metodologia incompreensivelmente apressada
informam a reacção, entre a perplexidade e a profunda discordância, dos
especialistas, das escolas de formação de professores, do responsável da
Agência de Acreditação, o Professor Alberto Amaral e de, evidentemente, quem
olhe para a educação com lucidez e conhecimento. Como é evidente, estas notas
não significam que o universo da formação de professores, no sistema público ou
privado, seja perfeito, tal não acontece, mas os ajustamentos necessários têm
pouco a ver com as decisões “orientações” do Ministro da Examinação.
Ninguém pára Nuno Crato. Até onde irá?
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