sábado, 30 de novembro de 2013

NINGUÉM PÁRA O CRATO, NINGUÉM PÁRA O CRATO

Por vezes a política educativa do Ministro da Examinação Nuno Crato faz-me lembrar o atarantado caçador que dispara contra tudo o que mexe, acertando nos colegas, no cão na fruta das árvores, ou, por vezes, … nalguma peça de caça. No entanto, apago logo a lembrança pois de atarantado Nuno Crato tem nada, ou seja, o Ministro sabe muito bem o que está a fazer, aproveitando o tempo que tem, esperemos que pouco, para cumprir a sua visão da educação e reanimar o “negócio” tornando-o atractivo, rentável e acessível. É por isso que cada dia temos um tiro novo.
Agora é o inacreditável prazo de sete meses para as instituições de ensino superior que formam professores alterarem os seus planos de estudos. O prazo curtíssimo e inaceitável é para que a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior possa acreditar os novos planos de estudos antes das candidaturas do próximo ano lectivo, cuja oferta irá também ser determinada pelo Ministro da Examinação.
A reformulação dos cursos como já foi anunciada tem como orientação (?) fundamental o reforço da componente científica relativa à área que cada docente irá ensinar. Como já referi, a propósito da Sinistra Prova, cujo processo, para vergonha e espanto, está em curso, qualquer pessoa dentro do universo da Educação em Portugal, tem clara consciência que, em termos globais pois existem sempre excepções, o conhecimento científico dos professores, sobre as matérias que ensinam não é um problema central. É razoavelmente evidente, só para dar alguns exemplos, que para além do conhecimento científico da matéria que se ensina, importa o conhecimento sobre a forma de ensinar essa matéria, a forma de aprender essa matéria e a forma de avaliar essa matéria. Claro que o Ministro da Examinação do alto da arrogância da ignorância entende que ensinar Matemática numa turma do 3º ciclo com 30 alunos de uma escola cheia de problemas ou ensinar Matemática a uma turma de igual efectivo um estabelecimento privado altamente exclusivo é “apenas” um problema de saber … Matemática.
Estas considerações e a metodologia incompreensivelmente apressada informam a reacção, entre a perplexidade e a profunda discordância, dos especialistas, das escolas de formação de professores, do responsável da Agência de Acreditação, o Professor Alberto Amaral e de, evidentemente, quem olhe para a educação com lucidez e conhecimento. Como é evidente, estas notas não significam que o universo da formação de professores, no sistema público ou privado, seja perfeito, tal não acontece, mas os ajustamentos necessários têm pouco a ver com as decisões “orientações” do Ministro da Examinação.
Ninguém pára Nuno Crato. Até onde irá?

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