quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A ESCOLA NÃO PODE CONTINUAR A ENGORDAR


Uma das questões que no universo a educação estarão sempre em aberto é a que envolve os conteúdos e organização curricular. De facto, a velocidade de produção e acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento, as mudanças nos sistemas e no quadro de valores das comunidades determinam a regular reflexão e ajustamento sobre o que a escola deve ensinar, sobretudo durante a escolaridade obrigatória. Por outro lado, o tempo da escola e a competência da escola é são finitos, isto é, a escola não tem tempo nem pode ou deve ensinar tudo. Lembram-se certamente das discussões sobre se matérias como educação sexual, educação cívica ou educação para a saúde, para citar apenas alguns exemplos, deverão, ou não, constituir-se como "disciplinas" e integrar os currículos escolares.
Vem esta introdução a propósito da proposta do Ministro da Economia de criar na escolaridade obrigatória uma disciplina de Empreendedorismo. Na mesma linha também já tenho ouvido defender  a introdução de uma disciplina de "Educação financeira"  ou numa variante mais sofisticada, "Literacia financeira".
Vejo sempre com algumas reservas estas propostas de introdução de mais uma disciplina, mais um manual, como se a escola, o currículo escolar, pudesse continuar a engordar indefinidamente.
Como é evidente, existirão conteúdos ou competências dentro do universo do que possa ser o "Empreendedorismo" ou "literacia financeira" que poderão integrar o trabalho escolar. Estou a lembrar-me da educação matemática, evidentemente, mas também da promoção da autonomia, reflexão, criatividade, regulação, análise, etc., etc. que são inerentes à própria formação escolar e pessoal e não necessariamente confináveis a uma só disciplina.
Na verdade, nem tudo o pode ser interessante saber terá de caber numa disciplina da escola e nem tudo o que se pode saber se aprende na escola.

PS - O Ministro Nuno Crato afirmou que não existe a intenção de criar a disciplina de Empreendedorismo proposta por Pires de Lima. É um conteúdo transversal ao currículo, afirma. Permanece desconhecido o prazo de validade desta afirmação.

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