sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O INDIGNO EXAME DO MINISTÉRIO DA EXAMINAÇÃO, O GRAU ZERO DA "POLÍTICA EDUCATIVA"

Através do Blogue DeAr Lindo conheci o Guião da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, o exame de acesso à carreira docente a que milhares de professores com anos de experiência avaliada terão de responder.
Não sei se chore, de vergonha e embaraço, se cerre os dentes de revolta e indignação, se me ria com a bizarra e incompetente obra cuja leitura se aconselha vivamente e que desde já deveria ser peça de análise obrigatória em qualquer curso de formação de professores, justamente para ilustrar de forma muito clara o que NÃO deve ser uma prova de avaliação de Conhecimentos e Capacidades para desempenhar  a função de professor.
A prova, na sua componente comum tem duas partes, 32 questões de resposta múltipla com um peso de 80% no resultado final e um item de "construção (resposta extensa orientada)", coisa fina, também conhecida por "questão de desenvolvimento" ou ainda por "redacção", com um peso de 20%.
O Guião tem ainda alguns exemplos de Itens da secção de resposta múltipla que insultam a inteligência e o conhecimento sobre o trabalho dos professores e enuncia os critérios de apreciação do Item de "construção" avisando, por exemplo, que o uso indevido de maiúsculas será punido bem a utilização do Português pois a prova deve ser escrita em Acordês. Curiosamente, mas sem surpresa, os critérios de avaliação não fazem (não podiam fazer) uma única referência aos Conhecimentos e Capacidades para o exercício da função docente, que, parece, seria o objectivo da Prova. Aliás, para exemplo aqui fica.
"São classificadas com zero pontos as respostas que não atinjam o nível de desempenho mais baixo ou quando se verifique uma das seguintes condições:
–– afastamento integral do tema;
–– mais de seis erros de sintaxe;
–– mais de dez erros inequívocos de pontuação;
–– mais de dez erros de ortografia ou de morfologia."
Falta, creio, uma referência final informando que se os meninos tiverem alguma dúvida na Prova podem esclarecê-la junto dos Setôres que vigiam  os trabalhos. Não falta, no entanto, a determinação que a Prova deve ser respondida a preto, a cor do luto pelo que está a ser feito em matéria de educação e ensino público. 
Para além de todas as considerações sobre a realização da prova que aqui tenho deixado em diferentes textos, o Guião agora conhecido é, para utilizar uma expressão cara a Paulo Portas, a linha vermelha que não podia ser ultrapassada.
A Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades é despudorada e manhosa na sua intenção, é vergonhosa e incompetente na sua estrutura e modelo, insulta a competência e a inteligência, desde logo dos professores a quem se destina, e representa o grau zero da Política Educativa do Ministério da Examinação.
Não é possivel olhar para isto sem um enorme sentimento de indignação e revolta pelo despudor, manha e incompetência de quem decide.

PS - Tenho alguma esperança, na minha idade é-se optimista por condição, sou avô, acho que o Ministro Crato, à semelhança do que fazem os gaiatos pequenos quando percebem que fazem burrada da grossa, muito grossa no caso, vai dizer que "era a brincar" ou que "foi sem querer". Se tal acontecer, os professores vão entender, mesmo sem esta aberração a Prova, a grande maioria está muito bem preparada e empenhada em entender e ajudar os gaiatos, apesar do Ministro.

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