No Público de hoje surgem duas referências aos problemas de crianças e jovens mais vulneráveis que são profundamente inquietantes.
Uma primeira nota para a inexistência de camas nos serviços de pedopsiquiatria que possam acomodar adolescentes em tratamento o que leva a que em muitas circunstâncias adolescentes sejam internados em serviços de adultos o que na opinião dos especialistas pode ser uma experiência "traumatizante" sendo, aliás, contrárias às boas práticas de qualquer país civilizado em matéria de saúde mental. A propósito recordo que de acordo com o relatório "Portugal Saúde Mental em Números 2013", só 16,2% das pessoas com perturbações mentais ligeiras e 33,8% das que sofrem de perturbações moderadas recebem tratamento em Portugal.
A segunda referência remete para as enormes dificuldades que muitas instituições que acolhem menores estão a passar dificultando a resposta com a qualidade bem como a possibilidade de responder a novas situações.
Está nos livros e nas experiências que em situação de crise os mais vulneráveis, crianças e adolescentes, por exmplo, são, justamente, os mais sofredores com as dificuldades.
Miúdos que chegam às instituições procurando um aconchego, um ninho e uma qualidade de vida que a família, por diversas razões, não soube, não quis ou não foi capaz de providenciar podem sofrer uma nova penalização com riscos fortíssimos de compromisso do seu futuro.
Os jovens com perturbações da sua saúde mental, casos em crescimento, são recebidos e tratados, quando são, em condições que em vez de se constituírem com parte da solução, acabam por ser, na verdade, parte do problema.
Como o povo diz, sobra sempre para os mesmos.
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