Corre Novembro, de mansinho, começa a chegar o
espírito natalício. Num cenário devastador de dificuldades para milhões de
famílias o espírito natalício vai brilhar menos.
Como também é habitual surgem estudos sobre
previsões de gastos dos portugueses com a época natalícia. Sem surpresa, prevê-se novo abaixamento nos
gastos sendo nós um dos três países em que as pessoas pensam gastar menos. Os
gastos são sobretudo em presentes sendo as crianças as grandes destinatárias. O
presente mais desejado é ... dinheiro, evidentemente.
Parece verificar-se que a austeridade continua a
assombrar o espírito natalício e os presentes. Nada de estranho, estamos
dramaticamente habituados à austeridade do nosso presente. Deixem-me que vos
diga que me preocupa também a austeridade nos nossos futuros.
Nesta perspectiva, talvez nós consigamos manter o
espírito natalício e minimizar os custos com os presentes, ao mesmo tempo que
cuidamos dos futuros. A ver se explico.
Quando se trata de ensinar miúdos, quer em
contextos escolares quer, em contextos familiares, uma das afirmações
recorrentes sobre as boas formas de o fazer é recorrer a exemplos que mais
facilmente permitem entender o que estiver a ser objecto de ensino. As teorias
sobre estas questões referem isto mesmo e, curiosamente, quando inquirimos
miúdos sobre o que eles pensam ser um bom professor, entre outros critérios
referem "o que explica bem", clarificando que explicar bem é
"dar exemplos" entre outras considerações.
Vem esta introdução a propósito de uma das
dificuldades que o espírito natalício convoca, a escolha dos presentes a oferecer
aos miúdos, sobretudo nas famílias, e são algumas, em que os miúdos são
submersos com "presentes", caros, que, por vezes, são pouco mais do
que uma tentativa, mais ou menos intencional de aquietar consciências ou
sentimentos de culpa, nem sempre justificados, aliás.
Assim, sugiro que também nesta época
natalícia se considere a possibilidade de oferecer exemplos aos miúdos,
isso mesmo, oferecer exemplos, bons exemplos é claro.
Como já referi, os miúdos apreciam os exemplos e
além disso são bons presentes, como também referi, fazem-lhes bem, são bons
para os futuros.
Parece-me claro que existe uma infinita
possibilidade na escolha dos exemplos, nos comportamentos que assumimos, na
forma como nos relacionamos com os outros e com eles, na atenção que lhes
damos, na forma como agimos em sociedade, na forma como civicamente agimos.,
etc., etc.
Os exemplos têm ainda uma enorme vantagem de não
serem dispendiosos o que nos tempos que correm é algo de muito importante.
Qualquer pessoa, em qualquer circunstância arranja facilmente meia dúzia de
bons exemplos que possa oferecer aos miúdos o que constitui uma outra vantagem,
a multiplicidade enorme das fontes de exemplos com que queremos presentear os
gaiatos, embora alguns de nós possam experimentar alguma dificuldade em
encontrar alguns exemplos dos bons para oferecer aos miúdos. Mas podemos sempre
tentar.
Acho mesmo que é uma hipótese a considerar, esta
de oferecer exemplos aos miúdos, dos bons é claro.
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