terça-feira, 26 de novembro de 2013

A SINISTRA PROVA

Aparentemente está (quase) tudo dito sobre a sinistra Prova. Até Ramiro Marques já referiu que a Prova "está correcta"  sendo que, parece, terá conseguido dizer isto sem corar. 
Não é preciso recordar o exercício do Público que colocou adolescentes a resolver a sinistra Prova, não é necessário, como já escrevi, mobilizar conhecimento muito sofisticado na área da Avaliação ou sobre os conteúdos e competências exigidas para a função professor para reflectir sobro que o Ministério da Examinação propõe. Poderemos discorrer de forma empenhada sobre outras alternativas de avaliação para candidatos à entrada na profissão ou de avaliação de professores já em função. Nada do que se pode, deve, considerar tem a mínima relação com a Prova apresentada pelo Ministro Nuno Crato que evidentemente não pretende avaliar competências e capacidades de professores, os objectivos de Nuno Crato fazem parte de outra agenda. Este modelo de Prova destinado a avaliar Capacidades e Conhecimentos é algo de delirante, não merece, deste ponto de vista, muitos comentários, é demasiado mau o que temos para reflectir.
Não sei como todo este processo irá acabar mas tenho uma certeza. A sua realização da Prova nestes termos e circunstâncias corresponde a um dos mais negros episódios da política educativa(?) das últimas décadas.
Só mesmo uma fortíssima mobilização dos professores, de todos os professores, sobretudo dos que poderão ser "avaliadores" dificultará tal desastre. Os candidatos, os "descartáveis", estão, obviamente, numa situação mais vulnerável. Aliás, Mário Nogueira "sugere" hoje a inscrição dos "descartáveis" na Prova, "a vida ensina que é preciso manter várias possibilidades em aberto", afirmou.
Embora perceba o "pragmatismo" e assumindo o risco da injustiça ou do voluntarismo de quem não está envolvido directamente nesta questão, creio que esta Prova não é um problema dos "descartáveis", dos contratados, mais expostos ao despudor do Ministério da Examinação e que buscam uma coisa simples, um projecto de vida na profissão que escolheram muitos deles há muitos anos.
A sinistra Prova é um problema dos Professores, de Todos os professores pelo que Todos deveriam recusar envolver-se nela a começar, justamente, pelos que dela não já precisam para serem ... Professores.
Será possível?

1 comentário:

Anónimo disse...

Começando pelo fim... Que nome é que se dá a um professor que aceita vigiar ou corrigir uma prova de um seu colega, quando este se encontra desempregado? Que nome é que se dá a um professor que aceita essa 'tarefa', recebendo em troca um valor pecuniário?! 20 euros é muito para quem está desempregado. Este é, talvez, o primeiro verdadeiro teste aos professores, pois vai-se perceber até que ponto a classe está dividida. A mim, que me toca de perto, deixa-me angustiada e com as lágrimas nos olhos, por sentir que vivo num país onde o desprezo pelo 'outro' é cada vez maior...