A ver se consigo sintetizar. O Ministério da Examinação, examinou a realidade educativa, fez contas, estas não sujeitas a exame, e decidiu mandar professores embora, são demais, só reclamam e não fazem falta, afirmou o Ministro da Examinação.
Por outro lado, muitos professores examinaram a degradação das suas condições de trabalho e remuneração e, ainda que baixando os rendimentos, decidiram-se pela aposentação. O Ministério da Examinação exultou, viu aqui, como agora se diz, uma janela de oportunidade, esta gente sai das escolas e poupam-se mais uns euritos. Nesta perspectiva até deu instruções aos serviços para que acelarassem os exames aos processos para que esse pessoal mais depressa "desamparasse" a loja. Ainda assim, parece que pouco mais de 3000 dos cerca de 6000 docentes com saída prevista estarão de malas aviadas em Dezembro. Há que ter esperança.
Dezembro também é uma data importante para o Ministério da Examinação por outro motivo também integrado na PEC - Política de Examinação em Curso. Os candidatos a professores, perdão a examinadores, mesmo os que já são professores, bons professores, há muitos anos, vão fazer (irão mesmo?) um inenarrável exame, claro, mas como a mais sofistificada designação de Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos, para se avaliar das suas Capacidades para serem professores, ao que parece através de uma "redacção" com o limite de 350 palavras.
Se fizerem uma boa "redacção" e souberem das disciplinas ou conteúdos em que candidatam, poderão entrar para a carreira de "examinador", perdão de professor, para então cumprirem o sonho do Ministro da Examinação, passarem para os alunos os conteúdos que eles terão de saber nos exames que se realizarão, para já evidentemente, em alguns dos anos de escolaridade e em algumas das disciplinas, mas que a prazo poderão a ser trimestrais, coincidindo com os períodos escolares, e também anuais, para incluírem todos os conteúdos, metas curriculares como agora se diz, e, obviamente, para todas as disciplinas, porque assim é que se mede e promove a qualidade.
Muito provavelmente, admito, surgirá uma proposta de exame de acesso ao 1º ano já que não sendo a educação pré-escolar obrigatória, não poderemos correr o risco de receber alunos no 1º ciclo mal preparados. Será, presumo, criado também um exame nacional obrigatório para todos cidadãos e cidadãs destinado a medir a sua capacidade para serem bons pais e mães, minimizando o risco de se tornarem maus educadores. Aos melhores serão oferecidos cheques-ensino para que tenham a liberdade de escolha, isto é, possam colocar os seus filhos nos melhores estabelecimentos privados e assim obter os melhores resultados nos muitos exames que irão realizar.
Um dia talvez possamos ter um Ministério da Educação com Políticas de Educação e não Políticas de Examinação.
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