Ao que parece, um estudo da
Direcção-geral de Saúde diz que 20% um quinto dos adolescentes de 13 anos
inquiridos e 50% dos de 15 anos afirma ser
"fácil ou muito fácil" aceder a tabaco, ou seja, não sentem
qualquer restrição na sua compra antes da idade lealmente aceite, 18 anos.
Considerando estes dados, o Governo, para além de outras iniciativas, aumento
substantivo de preço, por exemplo, pondera a exigência do comprovativo de idade
no acto da compra.
Nada de estranho no acesso fácil ao tabaco,
como é sabido, existe uma gama enorme de produtos ou a espaços com acesso
proibido ou condicionado à idade que são adquiridos com a maior das facilidades
e impunidade, comprados pelos próprios ou por terceiros ou recorrendo a
grosseiras falsificações dos documentos pessoais.
Também é verdade que o consumo do
tabaco não é propriamente um contributo para a saúde pelo que se percebe a
intenção de o tornar menos acessível aos mais novos, ainda que a exigência do
comprovativo de idade no acto da compra seja, evidentemente, uma boa piada.
Aliás, nesta matéria dos consumos entre os jovens
lembro-me que foi também este Governo o responsável pela espirituosa e extraordinária
decisão que interdita as bebidas espirituosas até aos 18 anos e mantém o
vinho e a cerveja acessíveis aos 16.
Como afirmei na altura esta espirituosa decisão
de separar tipos de álcool foi obviamente uma cedência às pressões que logo se
fizeram ouvir quando a ideia foi anunciada. Ficou estabelecido que existe um
álcool mais álcool que outro, numa lógica pouco sustentável fora, naturalmente,
dos interesses de produtores e distribuidores de vinho e cerveja. Será
certamente excessivo, mas lembrei-me da incontornável referência do Estado
Novo, “Beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses”.
Nesta errática política temos então que antes dos
18 algum álcool pode ser comprado e consumido, o álcool bom, mas só aos 18
podem aceder ao álcool mau e ao cigarrito. Uma hipótese seria permitir antes dos 18 anos o acesso aos "cigarros" da minha adolescência, em que fumávamos barbas de milho. Seria razoável, teríamos o tabaco bom e o tabaco mau, tal como temos o álcool bom o álcool mau.
O lobby da cerveja e do vinho parecem com peso em Portugal, o
do tabaco talvez não seja não forte. Vamos ver como reage.
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