terça-feira, 19 de novembro de 2013

OS ADOLESCENTES, O TABACO, O ÁLCOOL, O GOVERNO E OS LOBBIES

Ao que parece, um estudo da Direcção-geral de Saúde diz que 20% um quinto dos adolescentes de 13 anos inquiridos e 50% dos de 15 anos afirma ser  "fácil ou muito fácil" aceder a tabaco, ou seja, não sentem qualquer restrição na sua compra antes da idade lealmente aceite, 18 anos. Considerando estes dados, o Governo, para além de outras iniciativas, aumento substantivo de preço, por exemplo, pondera a exigência do comprovativo de idade no acto da compra.
Nada de estranho no acesso fácil ao tabaco, como é sabido, existe uma gama enorme de produtos ou a espaços com acesso proibido ou condicionado à idade que são adquiridos com a maior das facilidades e impunidade, comprados pelos próprios ou por terceiros ou recorrendo a grosseiras falsificações dos documentos pessoais.
Também é verdade que o consumo do tabaco não é propriamente um contributo para a saúde pelo que se percebe a intenção de o tornar menos acessível aos mais novos, ainda que a exigência do comprovativo de idade no acto da compra seja, evidentemente, uma boa piada.
Aliás, nesta matéria dos consumos entre os jovens lembro-me que foi também este Governo o responsável pela espirituosa e extraordinária decisão que interdita as bebidas espirituosas até aos 18 anos e mantém o vinho e a cerveja acessíveis aos 16.
Como afirmei na altura esta espirituosa decisão de separar tipos de álcool foi obviamente uma cedência às pressões que logo se fizeram ouvir quando a ideia foi anunciada. Ficou estabelecido que existe um álcool mais álcool que outro, numa lógica pouco sustentável fora, naturalmente, dos interesses de produtores e distribuidores de vinho e cerveja. Será certamente excessivo, mas lembrei-me da incontornável referência do Estado Novo, “Beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses”.
Nesta errática política temos então que antes dos 18 algum álcool pode ser comprado e consumido, o álcool bom, mas só aos 18 podem aceder ao álcool mau e ao cigarrito. Uma hipótese seria permitir antes dos 18 anos o acesso aos "cigarros" da minha adolescência, em que fumávamos barbas de milho. Seria razoável, teríamos o tabaco bom e o tabaco mau, tal como temos o álcool bom  o álcool mau.
O lobby da cerveja e do vinho parecem com peso em Portugal, o do tabaco talvez não seja não forte. Vamos ver como reage.

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