De
acordo com um estudo de 2012 da Direcção-Geral da Saúde no sentido de avaliar o
impacto da crise na vida das famílias, perto de três em cada dez pessoas
inquiridas afirmaram ter deixado de consumir algum alimento considerado
essencial por dificuldades económicas.
Recordo também um
trabalho da
Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome em que quase 40% dos participantes num
inquérito confessaram ter passado um dia sem comer por falta de dinheiro e mais
de metade disseram que o rendimento familiar “nunca é suficiente para
viver”".
Este tipo de informação constitui um fortíssimo
murro no estômago na maioria de nós e na consciência ética, se
existisse, de gente como o Secretário de Estado Adjunto do
primeiro-ministro Adjunto da Troika, o geniozinho Carlos Moedas que há tempos
afirmou que as pessoas “só acabam com os maus hábitos quando enfrentam
choques”, para exemplificar o que está a ser feito na economia portuguesa.
A pobreza e a exclusão com consequências tão graves
como a fome deveriam envergonhar-nos a todos, a começar por quem lidera,
representam o maior falhanço das sociedades actuais.
É verdade que a questão da pobreza é um terreno que se presta a
discursos fáceis de natureza populista e ou demagógica, sem dúvida. Mas também
não tenho dúvidas de que os problemas gravíssimos de pobreza que perto de três
milhões de portugueses conhecem, exigem uma recentração de prioridades e
políticas que não se vislumbra. Na verdade, apesar da retórica oficial de que
existe justiça social nas medidas de austeridade, o que é verdadeiramente
insustentável é que as políticas assumidas, por escolha de quem decide, por cá
e noutras paragens, estão a aumentar as assimetrias sociais, a produzir mais
exclusão e pobreza.
Mais preocupante é a insensibilidade da
persistência neste caminho.
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