Em relatório hoje divulgado da Rede Ex-Aequo,
lê-se que em 2012 foram registadas 37 denúncias de homofobia e transfobia, sendo
que 42 % da juventude lésbica, gay ou homossexual afirmou ter sido
vítima de bullying homofóbico, 67% dos jovens declarou tê-lo presenciado
e 85% afirmou já ter ouvido comentários homofóbicos na escola que frequenta. Em
muitas situações desta natureza emergem quadros “baixa auto-estima, isolamento,
depressões e ideação e tentativas de suicídio”, contribuindo ainda para o
insucesso e para o abandono escolar de muitos jovens. O mesmo relatório refere ainda episódios recorrentes de bullying homofóbico em contextos de praxes académicas, situação que já aqui também comentei.
A este propósito, relembro que em Novembro de
2011, dados da UNESCO referiam que cerca de 70 % de alunos homossexuais afirma
ser vítima de bullying e ainda que também no início de 2011, dois serviços do
ME recusaram apoiar a distribuição pelas escolas de material produzido no
âmbito do Programa Inclusão apoiado e financiado pela Comissão para a Cidadania
e a Igualdade de Género. Estes materiais destinavam-se a apoiar uma campanha de
combate a atitudes e comportamentos discriminatórios relativamente à orientação
sexual.
A justificação, segundo a imprensa na altura,
para que a Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e o Núcleo
de Educação para a Saúde, Acção Social e Apoios Educativos recusassem o apoio
uma iniciativa envolvendo uma outra estrutura pública foi o "cariz
ideológico" das matérias.
Para além da óbvia confusão entre ideologia e
valores, ficou estranho, no mínimo, o entendimento de que a prevenção e combate
à atitudes de discriminação face a minorias que tem uma incidência fortíssima e
que os dados hoje divulgados só confirmam, se possa recusar por se tratar de
ideologia. Pela mesma ordem de razões, não devem ser incentivadas e muito menos
apoiadas pelo ME, acções que, por exemplo, combatam a xenofobia ou o racismo,
terão certamente um "cariz ideológico".
Este tipo de decisões, para além da evidente
incompetência, é revelador de uma assustadora irresponsabilidade. É reconhecida
a presença de comportamentos discriminatórios face a minorias de diferente
natureza. Sabe-se que tanto como na remediação, importa apostar na prevenção,
parece claro que em matéria de prevenção o público mais jovem terá de ser
sempre ser um alvo privilegiado, é de "pequenino que se torce o pepino",
e foi o Ministério da Educação que se opôs a iniciativas que outros organismos
públicos julgaram relevantes. A titular da pasta da educação ainda veio alguns
dias depois apresentar umas desculpas irrelevantes e que não alteraram a
substância da primeira decisão.
Esperemos que face à dimensão dos incidentes de
bullying, hoje de novo acentuados, e dirigidos a um alvo em particular a que
acrescem os outros comportamentos da mesma natureza, sejam uma preocupação não
ideológica mas de direitos e de natureza civilizacional no contexto das
políticas e processos educativos.
11 comentários:
Boa tarde Professor,
Com o devido respeito, conheceu casos de bullying efectuado por jovens homossexuais contra outros colegas?
É que eu conheci.
Acho muito bem todas as campanhas de sensibilização que queiram fazer e que infelizmente foram censuradas.
Agora, estatísticas e queixas podemos arranjar as quisermos, provavelmente os miúdos do Sporting sofrem mais que os outros, existe uma descriminação entre os que podem usar roupa de marca e os outros, entre os que estudam em escolas com muita ou pouca delinquência, entre aqueles que são às bolinhas ou às riscas.
Eu sinceramente o que mais me preocupa neste momento são os miúdos e jovens que vão para a escola sem tomar o pequeno almoço, a quem muitas vezes os professores pagam as senhas de almoço do seu bolso. No fundo aquela estória do velho Bata e da Batata Doce que tanto gosta de contar.
A minha homenagem aos directores de escola e autarquias que vão conseguindo, sabe-se lá como, manter as cantinas da escolas abertas durante as férias.
Abraço e desculpe a indelicadeza,
António Caroço
Caro António Caroço, espero que compreenda que o ser humano foi abençoado com a capacidade de multitasking. Quer isto dizer que temos o miraculoso talento de nos preocuparmos e nos focarmos em mais do que um problema social ao mesmo tempo. Espantoso! Portanto, a sua "lógica" (eufemismo do dia) de que em vez de nos preocuparmos com o bullying homofóbico, devemos olhar primeiro para "problemas mais graves" parece-me fraco.
Finalmente, espero que compreenda que há uma GRANDE diferença entre ser do Sporting e ser homossexual, ou ser pobre e ser homossexual, e que (infelizmente para a questão Sportinguista) não existe só um ou dois miúdos Sportinguistas ou um ou dois miúdos pobres numa escola, isolados por um mar de Benfiquistas (era bom) ou de ricos, comparativamente à proporção de miúdos homossexuais.
Espero não esperar demasiado de si.
Caro António, desta vez não olhamos para o mundo da mesma forma o que não quer dizer, obviamente, que minimize os problemas que coloca. Um abraço
Caro anónimo, entre muitos defeitos que possuo, tenho uma qualidade: assino sempre os meus comentários.
Sabe lá você a proporção de miúdos homossexuais nas escolas. Depois não sabe se um miúdo sofre mais por ser Sporting, ser homossexual ou por ser pobre. Que eu saiba não tem um medidor de sofrimento consoante as caraterísticas das crianças. Aquilo que eu sei é que um miúdo que passa fome não aprende.
Por mim não sofria nenhum.
Agora de facto há dez vezes mais notícias sobre jovens homossexuais e adopção por homossexuais do que sobre as sobre as crianças que passam fome nas escolas.
Deve ser porque a fome não vende.
Depois se reparar se reparar o conceito de homofobia é mal aplicado e mal usado. tecnicamente o fóbico evita o objecto do qual tem medo, esconde-se. O que é verdadeiramente perigoso é o ódio aos homossexuais e isso é do domínio da psicopatia, aliás como são muitos casos de Bullying.
Cumprimentos,
António Caroço
António Caroço, caso seja esse o seu nome, trato-o assim, já que dá tanta importância a um conjunto de letras que pode ou não corresponderem ao seu nome, e nada me dizem:
Sei que a proporção de miúdos homossexuais nas escolas não é a mesma que de miúdos Sportinguistas, nem de miúdos em dificuldade económicas, e sei que o suporte que estes têm dos seus pares escolares não é de modo algum o mesmo apoio que um miúdo homossexual tem dos seus colegas.
E sei que não estamos a quantificar sofrimento, sei que estamos a menosprezar o sofrimento de uns, porque, DIZ VOCÊ, o sofrimento de outros é mais importante. Palavras suas.
Existem actualmente mais noticias sobre a homossexualidade do que sobre a pobreza? A sério? Quer fazer o muito simples exercício de abrir um Público dos últimos 3 dias, ou o passado expresso, e contar o numero de noticias sobre pobreza, exclusão económica, fome, desemprego e demais tragédia humana de cariz económico e contar o numero de noticias sobre homossexualidade?
Talvez porque o tema lhe é incómodo a sua percepção seja diferente, mas essa sua questão, É quantificável. Portanto, faça-me o favor e comprove o seu enviesamento. Quando o fizer, pergunte-se porque o faz.
Tem razão, o termo simples, que se ensina na licenciatura e tem apenas por base o seu significado, é, na prática diferente do que usamos na prática. Não se prenda a pormenores. São irrelevantes e só nos distraem.
Que floreados interessam quando agimos preconceituosamente? Enganamos quem exactamente com artifícios linguísticos?
Cumprimentos,
Graham Chapman ou que nome queira imaginar.
Caro Graham Chapman,
Para mim o meu nome é muito importante porque é aquele com que eu trabalho e com o qual as pessoas me identificam. Só os cobardes se escondem no anonimato.
De facto nos últimos três dias não vi uma única notícia no Público OnLine sobre as crianças que passam fome nas escolas, quanto à edição em papel não sei, e o mesmo acontece com o Expresso desta semana.
O que se ensina numa Licenciatura vem nos livros, mas até um pedreiro (livre) como eu consegue perceber que você não tem a inteligência nem a coragem do verdadeiro Graham Chapman.
Como sabe um dos argumentos apontados contra a adopção por homossexuais são as descriminações dos filhos desses casais nas escolas, o que eu acho um argumento perfeitamente disparatado.
O único descanso que tenho, é que se um dia desejar adoptar, seja você heterossexual, homossexual, transexual ou o que fôr, vai ser sujeito a avaliação psicológica.
Cumprimentos,
António Caroço
O seu nome é partilhado com centenas de pessoas; achar que não está no anonimato apenas porque o escreve é uma glorificação pessoal ilusória. É mais masturbação egoica do que honestidade, mas engane-se como quiser.
Os pobres de espírito procuram medalhas em lugares comuns. Leve a sua medalha da "honestidade virtual ilusória" e consequente orgasmo.
Preocupe-se mais com a desonestidade de dizer que no Público dos últimos 3 dias não houve uma única noticia de pobreza, exclusão económica, fome, desemprego e demais tragédia humana de cariz económico.
Porque é desonesto. Também é uma mentira descarada para tentar provar o seu ponto.
Logo aqui acho que está bem patente o carácter do "António Caroço". Além de preconceituoso é desonesto.
Fora disso abandonou os seus argumentos, não lhes dando resposta, porque não a tem, em detrimento do simples insulto. É banal. Aproveite então que "vem nos livros" para não se prender à definição literal: Meu amigo, você é homofóbico.
Da minha parte peço desculpa, deveria ter-me apercebido do carácter da personagem quando me apercebi que o seu comentário era apenas uma variante da conversa homofóbica constante do "porque havemos de falar destas coisas quando há problemas maiores?".
Pode florear o que quiser, resume-me tudo a esta questão:
-O Bullying homofóbico não é do mesmo carácter que o bullying de divergência grupal.
-A vitima de bullying homofóbico tem menos apoio dos pares do que a vitima de bullying de divergência grupal.
-Ambos sofrem, mas a reacção da sociedade ao mesmo sofrimento é muito diferente.
-Minimizar sofrimento com base noutro tipo de sofrimento é imbecil.
Pode sentir-se chateado o quanto quiser por ter dito que você tem um enviesamento pessoal para ver mais noticias sobre homossexualidade do que sobre pobreza, faça a birra que entender, mas vá pregar opiniões homofóbicas enviesadas para outra freguesia ou vá se educar como pessoa.
Abraço sentido da lésbica,
Jill Davis
(não se esfregue com acetona, é só um abraço).
Animada conversa!
Cara Jill Davis,
A minha mãe ensinou-me que nunca se responde a uma Senhora.
A única que peço é que não me rogue nenhuma praga, pois já não tenho vesícula, tenho os triglicerídeos altos, fumo bastante e gostava de chegar à Sexta-Feira Santa.
Cumprimentos
António Caroço
P.S. - Para além dos problemas de saúde que referi tenho as costas largas
O que? Condescendência machista para juntar à lista?
Cumprimentos,
Anita Sarkeesian
Cara Anita,
você parece o Fernando Pessoa. A minha avó ensinou-me que só me ofende quem eu quero.
Cumprimentos,
António Caroço
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