Hoje, numa roda de gente interessada e preocupada com as
coisas da educação, dos miúdos e dos seus comportamentos, alguém contou como
uma escola do 1º ciclo estava a fazer umas actividades ligadas à música e às
expressões, quase sempre designadas por "projecto", para tentar que
alguns comportamentos menos positivos dos miúdos e a desmotivação de alguns
para as coisas da escola se pudessem alterar. As actividades, o projecto,
estavam a correr bem. Estava presente um pai de três crianças dessa escola que
também se manifestou satisfeito e resumiu a sua apreciação afirmando que os
seus miúdos iam satisfeitos para a escola, não iam a contragosto como quase
sempre acontecia.
Estava pouca gente e aparentemente as pessoas reagiram muito
bem a esta afirmação do pai daqueles gaiatos.
Estranhei um pouco. De há uns tempos para cá tem vindo a
instalar-se uma ideia muito curiosa e que vai colhendo alguns adeptos. Esta
coisa da escola ser um local para onde se vai satisfeito é coisa romântica e
disparatada própria de uns alucinados que acham que se os miúdos se sentirem
bem aprendem melhor e que isso é obviamente a defesa do facilitismo.
A escola deve ser, tem de ser, dizem alguns, homens destes
tempos, pragmáticos e donos do mundo, que a escola é trabalho, é esforço, é
sofrimento, é a luta diária pela superação onde as crianças devem ser
preparadas para a competição feroz que se vive lá fora em que apenas sobrevivem
os mais aptos, os mais fortes, os excelentes.
Ainda bem que não ouviram um pai contente afirmar que os
seus filhos gostavam de ir para escola, iam satisfeitos e que isso tinha sido
construído através de actividades inúteis, sem sentido, que só fazem perder
tempo como seja tocar alguns instrumentos, aprender a ler com as cantigas, etc.
2 comentários:
Tenho a percepção de que essa ideia de que a escola nunca é satisfação, é só trabalho, sofrimento e esforço é um processo com mais de uma década.
Tem vindo a fazer o seu caminho procurando instalar a convicção de que só assim a escola tem qualidade e resultados
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