O Professor Sobrinho Simões, reconhecido
investigador e director do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular do
Porto, uma das mais prestigiadas instituições portuguesas de investigação,
alerta hoje para os efeitos graves dos cortes cegos no financiamento da investigação.
Diz Sobrinho Simões que “a frágil formação superior dos políticos” e os cortes
financeiros impostos pela troika são um “cocktail perigoso” para o universo da investigação em Portugal.
Relembro que em Outubro de 2012 um grupo muito
significativo de bolseiros de investigação, cerca de 3200, assinou uma carta
aberta dirigida ao Ministro da Educação e da Ciência contestando o novo
Estatuto do Bolseiro que, do seu ponto de vista, alimenta a precariedade e
diminui a qualidade das condições gerais para o seu trabalho de produção
científica.
Conheço pessoalmente muitos casos de jovens (e
não só), altamente qualificados, que têm como expectativa de vida saltitar pela
sobrevivência de projecto em projecto, gerindo os atrasos e as alterações,
desempenhando muitas vezes tarefas que não deveriam ser suas, ou integrarem o
contingente dos 100 000 jovens que anualmente “fogem” do país correndo atrás de
um futuro que aqui lhes é negado.
Curiosamente esta posição dos bolseiros e as
recorrentes preocupações com a asfixia do ensino superior também coincidiu uma
tomada de posição de 42 personalidades com Prémios Nobel, alertando as
autoridades da Comissão Europeia para os riscos do desinvestimento na ciência.
Está estudada e reconhecida de há muito a
associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e o
desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção
de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de
vida e condições de saúde, por exemplo.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e
prioridades de quem lidera. O problema como refere o Professor Sobrinho Simões
é que "os nossos políticos têm um problema ... alguns não se apercebem do
valor do ensino superior e da investigação".
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