Um dia destes, numa conversa
sobre o mundo dos miúdos alguém contava que conheceu um gaiato cuja mãe era vendedeira
numa praça pelo que se levantava muito cedo. Como tinha medo que o moço ficasse a
dormir sem ir para a escola, obrigava-o a também a saltar cedo da cama e quando
saía já o deixava na rua. Dizia o miúdo que a mãe o "fechava" na rua. Notável.
Na verdade, há uns anos atrás
viam-se muitos miúdos na rua. Hoje, com excepção das imediações das escolas, no
curto período de tempo da entrada e saída das aulas, vêem-se poucos miúdos na
rua.
É verdade que temos menos miúdos
mas tal não explica tudo como é óbvio, como também os reais problemas de
segurança e as mudanças nos estilos de vida dos pais, designadamente, a
importância da carreira profissional das mulheres também não explica as ruas
quase desertas de miúdos.
Os miúdos já não ficam como o gaiato
da história e a maioria da gente da minha geração "fechados" na rua onde muito
aprendíamos e muito fazíamos.
Agora passam o tempo fechados empo sem fim nas escolas que possuem, os tempos são outros, muros e vedações, portões e guardas para garantir que de lá não saem.
Agora passam o tempo fechados empo sem fim nas escolas que possuem, os tempos são outros, muros e vedações, portões e guardas para garantir que de lá não saem.
Agora passam muito tempo fechados
noutros locais a aprender montanhas de saberes e competências todas imprescindíveis
ao seu desenvolvimento e sucesso.
Agora passam muito tempo fechados
em ecrãs sejam das consolas, telemóveis, televisões ou computadores a grande
companhia de muitos miúdos.
Agora passam algum tempo fechados
nos centros comerciais rebocados pelos pais ou a rebocar os pais, os mais
novos, ou, sobretudo os mais velhos, simplesmente a deambular.
Agora passam muito tempo fechados
...
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