terça-feira, 5 de março de 2013

OS MIÚDOS FECHADOS

Um dia destes, numa conversa sobre o mundo dos miúdos alguém contava que conheceu um gaiato cuja mãe era vendedeira numa praça pelo que se levantava muito cedo. Como tinha medo que o moço ficasse a dormir sem ir para a escola, obrigava-o a também a saltar cedo da cama e quando saía já o deixava na rua. Dizia o miúdo que a mãe o "fechava" na rua. Notável.
Na verdade, há uns anos atrás viam-se muitos miúdos na rua. Hoje, com excepção das imediações das escolas, no curto período de tempo da entrada e saída das aulas, vêem-se poucos miúdos na rua.
É verdade que temos menos miúdos mas tal não explica tudo como é óbvio, como também os reais problemas de segurança e as mudanças nos estilos de vida dos pais, designadamente, a importância da carreira profissional das mulheres também não explica as ruas quase desertas de miúdos.
Os miúdos já não ficam como o gaiato da história e a maioria da gente da minha geração "fechados" na rua onde muito aprendíamos e muito fazíamos.
Agora passam o tempo fechados empo sem fim nas escolas que possuem, os tempos são outros, muros e vedações, portões e guardas para garantir que de lá não saem.
Agora passam muito tempo fechados noutros locais a aprender montanhas de saberes e competências todas imprescindíveis ao seu desenvolvimento e sucesso.
Agora passam muito tempo fechados em ecrãs sejam das consolas, telemóveis, televisões ou computadores a grande companhia de muitos miúdos.
Agora passam algum tempo fechados nos centros comerciais rebocados pelos pais ou a rebocar os pais, os mais novos, ou, sobretudo os mais velhos, simplesmente a  deambular.
Agora passam muito tempo fechados ...

Sem comentários: