Dois dias passados sobre as
manifestações de sábado, as imagens, as reportagens e os testemunhos parecem
fazer sobressair algo que julgo justificar algumas notas, a tristeza patente
nos rostos de muitas pessoas.
Na verdade, tristeza é um
sentimento que parece instalar-se de
mansinho entre nós, roubando-nos o sorriso, a alegria que se alimenta da
confiança e do bem estar ou a que alimenta a esperança no futuro mesmo quando o
presente parece mais negativo.
Muita gente não vislumbra já a
possibilidade de que as enormes dificuldades que atravessa possam alterar-se
num espaço de tempo que lhes alimente a confiança no futuro.
Tudo o que tantos vão perdendo,
trabalho e dignidade, parece perdido
para sempre.
Este austericídio, cometido por
uma austeridade violenta, que a muitos de nós vai transformando a vida numa luta
pela sobrevivência, também mata a alegria que é um alimento fundamental para
chegar ao futuro, para dizer aos miúdos e aos jovens qua algures existe um
futuro que os vai acolher melhor do que o presente.
A tristeza que se viu no rosto e
no comportamento de muita gente que terá saído à rua, talvez seja mais pesada e
inquietante que a raiva mostrada por meia dúzia que a expelem à pedrada.
A tristeza mata devagar.
Nenhum povo se deixa sucumbir sem
lutar.
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