terça-feira, 26 de março de 2013

PONHAM-SE A ANDAR, DEIXEM O LUGAR PARA OS NOVOS

Voltei a lembrar-me de Sá de Miranda, "M'espanto às vezes, outras m'avergonho". O Ministro Nuno Crato na defesa da insustentável tese de que as garantias dadas sobre o não recurso à mobilidade especial para os professores seriam só para este ano, esclarece que não está de acordo com a sua "índole" fazer declarações "para todo o sempre" pelo que estamos preparados, o que disser hoje pode ser negado amanhã, nada de novo ainda assim. No entanto, de um homem que gere um ministério, defensor intransigente do rigor e da qualidade, esperava-se um pouco mais de consistência, por assim dizer.
Mas a sua capacidade de planeamento voltou a surpreender. De facto, afirma que se no próximo ano se reformarem uns milhares de professores, os que este ano estão sem trabalho estarão "safos".
A afirmação, além de um exemplo do que é programação rigorosa, "eles estão velhos e cansados talvez se reformem" é de uma enorme elegância e simpatia. No fundo a mensagem é, os professores que estão a ser cortados, não porque não tenham trabalho, mas porque as políticas os tornam descartáveis, deverão pressionar os seus colegas mais velhos a porem-se a andar para terem lugar. Não consigo entender.
Se este discurso faz escola lá virá, de novo, a ideia do emigrem para que os que cá fiquem tenham mais facilmente trabalho, o Ministro da Solidariedade e da Segurança Social estará à espera dos velhos que partam para poupar nas reformas e o Ministro da Saúde a poupar nos gastos do SNS.
O mundo está um lugar estranho.


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