Felizmente tem sido, como muitas
vezes se afirma cá em casa, um Inverno como os de antigamente, sobretudo no que
à chuva respeita. De facto, após muitos anos de Invernos secos ou com pouca
chuva, este ano a coisa tem corrido bem, sendo que a muita chuva caída, com
algumas excepções até com resultados trágicos, como há dias nos Açores ou os
tornados que se verificaram, tem sido, como se diz no Alentejo, uma chuva bem
chuvida, sem enxurrar o que estragaria cultivos. Nem faltou um alerta para
cheias no estuário do Tejo.
Por outro lado, por ganância e
incompetência dos homens também alguns outros aspectos nos lembram os do
antigamente. Estamos num caminho de sentir a pobreza como antigamente.
É óbvio que ser pobre hoje, tal
como ser rico, não é como era há décadas, as diferenças são significativas e
muitas. No entanto, algumas das dimensões da pobreza são recorrentes,
invariáveis, e sentem-se, e doem, e matam.
A privação, a dignidade ameaçada
ou roubada, o quotidiano transformado
numa luta pela sobrevivência, a ausência de apoios e a dependência da caridade,
a desesperança e um amanhã que se teme, são sentimentos que muitos de nós, os
mais velhos, experimentaram e que aí estão de novo.
Se para a maioria um Inverno como
o de antigamente pode ser uma bênção, para muita, muita gente, uma pobreza como
a de antigamente está a ser uma calamidade.
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