quarta-feira, 27 de março de 2013

A HISTÓRIA NÃO SE APAGA

Não interessa a "retórica inflamada e sem conteúdo, as intrigas e jogadas político-partidárias que não acrescentam um cêntimo à produção nacional e não criam emprego".
Não, não fui eu, um abstencionista convicto que não se orgulha de o ser mas em que a partidocracia me transformou, que produzi esta afirmação. Foi o Presidente da República.
Como é evidente, ninguém, presumo eu, deixará de concordar com este tipo de afirmações o que me parece curioso é vir de quem vem.
Vejamos, o Professor Cavaco Silva foi Chefe de Governo de Novembro de 85 a Outubro de 95 e Presidente da República desde Março de 2006. Nestas circunstâncias, parece-me clara a ligação de Cavaco Silva com a cultura partidocrática em que vivemos e com as erradas políticas desenvolvidas no quadro da nossa adesão à CEE.
Este tipo discurso vindo de alguns políticos influentes, no activo ou mais retirados, produzido como se sempre fossem ou tivessem sido espectadores e não actores principais da cena política portuguesa,  é frequente e vende bem perante a opinião pública, mas não é sério do ponto de vista de ética política.
Parece-me sempre pouco aceitável que alguém que liderou e lidera a história, para o melhor e para o pior, queira transformar-se num mero espectador e ainda opinar como se não tivesse nada a ver com o assunto.
O meu pai sempre me disse, “se fizeres assume, a história de um homem não se apaga”.
Seria bem mais eficaz se em vez de se refugiar numa inacessível e misteriosa "magistratura de influência" que o cidadão comum não vislumbra, fizesse intervenções claras e dentro das suas competências para tentar com clareza dar fim às "intrigas e jogadas político-partidárias" ou, como também já referiu, aos "interesses partidários de ocasião".

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