O Secretário de Estado da Administração Local,
Paulo Júlio, numa louvável expressão de solidariedade, terá favorecido um primo
num concurso para um lugar de chefia quando ocupava as funções de Presidente da
Câmara de Penela.
Certamente pela competência demonstrada, Paulo
Júlio foi nomeado Secretário de Estado. Tal como nas autarquias, os amigos são
para as ocasiões.
Até aqui, nada de novo. O problema é que a má
imprensa, porque há imprensa amiga, resolveu trazer este caso de solidariedade familiar
para a ribalta e o Secretário de Estado demitiu-se.
Certamente aparecerão os discursos laudatórios
sobre a decisão corajosa e exemplar do Dr. Paulo Júlio que, aliás, bem poderia
servir de exemplo para o seu Ministro, o “Dr.” Relvas, que, no entanto, não
será capaz de ver nenhuma “equivalência” na situação embora seja especialista
em equivalências.
Parece-me claro que a demissão em situações desta
natureza é o mínimo que se pode esperar, mas a ética e a seriedade não podem
ser assumidos numa espécie de serviços mínimos agora tanto na agenda.
São conhecidos de toda a gente os múltiplos
exemplos de amiguismo e favorecimento a gente próxima, da família pessoal ou da
família política, no mundo das autarquias e da administração central. Estas
situações são banais e despudoramente assumidas. Trata-se de uma questão
estrutural e não conjuntural susceptível de mudar pela decisão de se demitir
tomada por Paulo Júlio.
Só para citar um exemplo de outra “família”
lembram-se certamente das notícias sobre os vários familiares dos Presidentes
das Câmaras de Loures ou de Grândola. Recordo que o autarca de Loures afirmou
ao Expresso, “Admito que possa parecer mal mas não me pesa nada na
consciência”.
Na verdade, ele tem razão, a consciência só pesa
quando existe.
Por outro lado, é bem verdade que as políticas de
apoio à família são sempre importantes.
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