Décadas de modelos de
desenvolvimento económico e social (des)regulados pelos e para os mercados
tornaram necessário, disseram alguns, um plano de resgate para Portugal que devolvesse a confiança que os mercados tinham
perdido em nós e equilibrasse as contas que as políticas fomentadas pelos
mercados tinham desequilibrado. Confuso? Não, apenas o funcionamento dos
mercados.
Quando se abateu sobre o nós o
plano de resgate, acenaram, por um lado, com a sua inevitabilidade e, por outro
lado, com a perspectiva de que o plano de resgate em pouco tempo e com alguns
sacrifícios da nossa parte, nos devolveria ao equilíbrio e ao bem-estar
entretanto perdido por muita gente.
Após já algum tempo em que
estamos a ser resgatados, os feitores que em nome dos mercados resgatadores nos
governam, dizem que vamos no bom caminho e que estamos quase, quase, a não ser
preciso mais resgate, ou seja e como eles dizem, a voltar aos mercados.
A questão é que o plano de
resgate transformou a vida de muitos de nós num inferno do qual precisaria de
ser resgatada.
Milhão e meio de portugueses está
sem emprego, mais de metade sem subsídio. Precisam urgentemente de ver
resgatada a possibilidade da vivência, agora lutam pela sobrevivência.
Mais de um terço dos jovens
precisa de ver resgatada a confiança num projecto de vida que teima em ser
adiado e cada vez a parece mais longe.
Muitos velhos, cada vez mais, a
precisarem de ver resgatada a dignidade de um fim de vida decente e com
patamares mínimos de qualidade.
Muita gente que precisa de ver
resgatada a dignidade todos os dias atropelada pela mão estendida a uma ajuda
que nem sempre chega.
Miúdos que precisam de ver
resgatada a dignidade de, pelo menos, não lhes faltar o sustento, o aconchego
e, naturalmente, a educação e o futuro.
Temos que nos conseguir resgatar
do plano de resgate.
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