O Ministro Nuno Crato afirmou ontem em entrevista
à RTP que o MEC estima em cerca de metade o número de alunos do ensino básico
que poderão precisar de alguma forma de apoio dadas as suas dificuldades.
Assim sendo, o Ministério vai disponibilizar
cerca de 47 000 horas de trabalho docente para providenciar este apoio.
Como é sabido, o MEC decidiu eliminar os chamados
Planos de Recuperação que serão substituídos por dispositivos de acompanhamento
pedagógico logo que se detectem dificuldades nos alunos.
É certo que os Planos de Recuperação em larga
medida não "recuperavam" os alunos "recuperando", sim, uma
enorme burocracia, falta de recursos adequados e dificuldades de organização.
Uma primeira nota para registar a estranheza pelo
número avançado pelo MEC, metade, metade repito, dos alunos a necessitar de
apoio.
Partindo do pressuposto, discutível, de que estes
números se aproximarão da realidade fica por perceber como as 47 000 horas
anunciadas poderão ter resultados significativos.
Por outro lado, do meu ponto de vista, as medidas
da PEC, Política Educativa em Curso, aumento das turmas, mega-agrupamentos,
cortes nos recursos humanos, normalização das respostas com uma estrutura rígida
de metas de aprendizagem em número inacreditável, etc., etc. não parecendo
o melhor caminho para a qualidade e para assegurar a qualidade e quantidade dos
recursos para apoio pedagógico, contribuirão para novas dificuldades que se
candidatarão a esta estratégia remediativa agora enunciada por Nuno Crato.
O apoio pedagógico, ou acompanhamento como é
designado, tem de passar por uma correcta avaliação das dificuldades dos alunos
permitindo assim que o apoio seja dirigido para essas dificuldades, o que torna
necessária formação acrescida. Em sala de aula, a utilização de parcerias
pedagógicas parece uma medida potencialmente eficaz. Deveria aligeirar-se a
burocracia envolvida, com custos razoáveis de tempo, e, finalmente, criar
dispositivos de regulação e avaliação das intervenções que permitam a sua
correcção e eficácia.
A questão é que não vislumbro que a generalidade
das escolas tenham os recursos adequados. Por mais que nos esforcemos, a
realidade não é a projecção dos nossos desejos.
1 comentário:
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