Naquela terra onde acontecem
coisas, a vida ia complicada, as pessoas sentiam muita dificuldade em encontrar
emprego e sentir-se bem. Os governantes insistiam que era preciso ser
empreendedor, criativo, fazer das dificuldades uma oportunidade, ter uma visão,
enfim, como dizia o povo daquela terra, desenrascar-se.
Um Homem, cansado de tanta luta
para viver, começou a pensar como dar andamento ao que sugeriam os governantes.
Achou que uma ideia poderia ser vender algo, aliás, sempre julgou que teria algum
jeito para vender. A dificuldade era decidir o que vender para que a iniciativa
pudesse ser bem sucedida.
Teria de ser algo que toda gente
quisesse ou precisasse. Os mais novos, os mais velhos, os mais ricos, os mais
pobres, os homens, as mulheres, os mais letrados, os menos letrados, ou seja,
toda a gente. Não vai ser fácil, pensou.
Teria de ser algo que fosse
necessário ou utilizado em qualquer circunstância de qualquer natureza. No
trabalho das pessoas, na escola dos miúdos, nas relações da gente, mais formais
ou mais informais, nos negócios de qualquer área, no universo da política ou da
cultura, ou seja, em tudo o que envolvesse pessoas. Não vai ser fácil, pensou.
Deve dizer-se que o Homem pensou
muito tempo e não vislumbrava o que poderia ser o seu caminho.
Um dia, absorto na busca pela
ideia, a sua atenção dirigiu-se para um debate que passava na televisão onde
uma série de gente importante discutia como resolver os problemas das pessoas,
todos os problemas.
De repente, num sobressalto,
gritou, "já sei", vai ser um sucesso. Decidiu vender mentiras.
Ninguém, mesmo ninguém, passa sem elas.
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