Em declarações produzidas no
Chile, o Primeiro-ministro afirmou "é preciso afastar a ideia de que a
crise acabou". Devo confessar que fiquei decepcionadíssimo. Estava mesmo
convencido de que a crise tinha acabado, aliás, como várias vezes tem sido
afirmado ou sugerido.
Depois da retumbante vitória de
Portugal sobre os Mercados graças a uma colossal exibição do nosso avançado, o genial
VG7, que contrariou todas as previsões quanto ao resultado do encontro, creio
que a generalidade dos portugueses ficou convencida de que a crise tinha
acabado.
Mais de um milhão de portugueses
desempregados preparavam-se para amanhã cedinho se apresentarem nos postos de
trabalho que ocupavam, a crise tinha acabado.
Milhares e milhares de
pensionistas e reformados preparavam-se para se dirigirem às dependências
bancárias para terem de volta os cortes nos rendimentos, alguns, ou para verem
os aumentos nas miseráveis pensões que têm, muitos outros. A crise tinha acabado.
Muitos milhares de pequenos
empresários que viram os seus pequenos negócios e empresa falirem preparavam-se
amanhã para abrir portas para recomeçar a produzir, bens ou serviços, ou a vender
os produtos de sempre. A crise tinha acabado.
Muitos milhares de portugueses,
sobretudo jovens qualificados, que se viram obrigados a emigrar em busca de um
futuro que não parecia morar aqui estava a deitar os pés ao caminho para o
regresso à terra. A crise tinha acabado.
Mas não, nada disto e muito mais que a crise nos trouxe vai
acontecer. A esmagadora maioria dos portugueses sabe muito bem, sente, que a
crise não acabou.
Ainda assim, devemos a agradecer
a Passos Coelho a preocupação com a informação.
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