Estranhando-se o tempo que
demorou, embora saibamos que se trata da justiça em Portugal, o Departamento
Central de Investigação e Acção Penal abriu um inquérito sobre a
adjudicação das iluminações de Natal de 2011 na Madeira, pois considera que
terá sido um mau negócio para as finanças públicas e, naturalmente, um
excelente negócio para a empresa.
Tal como aconteceu nesse ano também em 2012 o Dr.
Alberto João Jardim vai gastar uma verba elevadíssima, cerca de 1,2 milhões de
euros em iluminações no Natal e festas de fim de ano e cerca de 750 000 em fogo
de artifício. Como indicador comparativo, as cidades de Lisboa e Porto gastaram
no seu conjunto cerca de 370 000 euros neste tipo de iniciativas.
Também como em 2011 o Governo Regional socorreu-se
de habilidades e manhas orçamentais distribuindo parte dos encargos para o
orçamento de 2013.
Ainda e tal como em 2011 o processo de
adjudicação destes negócios parece tudo menos transparente. A montagem das
iluminações decorativas de Natal e fim do ano, é desde 1996 sempre adjudicada à
empresa do grupo SIRAM, do antigo deputado do PSD, Sílvio Santos, procedimento
já condenado pelo Tribunal de Contas.
Nada de novo, portanto, neste processo, apenas um
inquérito agora decidido e que, muito me enganarei se assim não for, será
inconsequente, não passando de mais uma peça de fogo de vista.
Na verdade, o que continua a surpreender-me, é a
complacência cobarde, interesseira e indesculpável com que estas manobras e
manhas são toleradas pelos responsáveis nacionais, designadamente, o Governo,
todos os Governos de há décadas.
Por cima deste quadro reina a figura tutelar de
Alberto João Jardim que entre impropérios, boçalidade e ameaças veladas de
independência se ri de uma classe dirigente que se ri dele, o bobo tonto e
inimputável que vai jogando um jogo conhecido, uns fingem que governam o
território nacional "esquecendo" o que se passa na Madeira, outros,
poucos, ganham muito com tudo isso e a grande maioria de nós, madeirenses
incluídos obviamente, vai pagando.
Até quando?
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