No I encontra-se hoje um trabalho sobre o
universo da maternidade em Portugal de que relevam duas notícias de sinal
contrário.
Em primeiro lugar, com registo negativo, a
preocupação com o aumento dos casos de mortalidade infantil que em 2011
regressaram a indicadores de há dez anos em nove das regiões do país. Alguns
especialistas remetem para a possibilidade destes dados se ligarem a um aumento
dos casos de prematuridade que potenciam o risco da mortalidade. De qualquer
forma, em 44 dos 67 agrupamentos de saúde com dados tratados, 44 pioraram a sua
situação face a 2010.
A baixa taxa de mortalidade infantil, uma das
mais baixas a nível mundial, representou uma enorme conquista que importa
preservar.
Apesar das reservas que a interpretação dos dados
merecem, é também verdade que os cortes no SNS e a perspectiva de que estes
cortem se acentuem no âmbito da manifesta intenção repetidamente enunciada de
diminuir os custos na saúde ao abrigo de uma proclamada "refundação"
do estado.
Ainda com registo de preocupação com os mais pequenos, releva
a informação de que alguns dos quadros graves de meningite estão a diminuir mas,
segundo os especialistas, as dificuldades económicas das famílias estão a inibir a
compra da vacina, 280 euros, que contrariamente ao que se passa noutros países
não está integrada no Plano Nacional de Vacinação, como defendem os técnicos.
Oxalá, não estejamos já a pagar um elevadíssimo
preço por políticas contabilísticas e não por políticas de pessoas e para pessoas,
embora com a necessária contenção e combate ao desperdício.
Uma segunda nota, mais positiva, referida no
trabalho do I, remete para o abaixamento para metade da maternidade antes dos
vinte anos que se traduz, certamente, na minimização de um grave problema em
Portugal nos últimos anos, uma muito alta taxa de gravidez em adolescentes. Parece
oportuno relembrar que segundo os especialistas a diminuição do número de
partos de adolescentes decorre da prevenção. Embora nestas matérias, como em
todas as que dizem respeito à vida das pessoas, se deva considerar o universo
de valores em presença, bem diferentes, é fundamental não esquecer as
consequências devastadoras e dramáticas que a maternidade adolescente pode
implicar, para a mães e para os bebés. A gravidez surge para muitas
adolescentes e jovens como "um projecto de vida na ausência de outros"
e num quadro de insucesso educativo.
Sabemos, a experiência mostra, que uma
adolescente pode revelar-se uma excelente mãe, tanto quanto uma mulher madura
pode ser uma péssima mãe ou, como hoje se referia, abandonar o bebé. Não
podemos, nem devemos, promover avaliações prévias de competências maternais, a
ética e a moral impedi-lo-iam, mas podemos combater discursos hipócritas sobre
a educação em matéria de sexualidade e comportamentos de risco. Estes discursos
alimentam a manutenção de situações que promovem em adolescentes, muitas vezes
sem projecto de vida, um caminho e uma experiência para a qual não estão
preparadas nem desejam, e promotora de sofrimento para todas as pessoas
envolvidas, a começar, obviamente por uma criança, que sem ser ouvida, entra a
sofrer neste mundo.
Mais uma vez, torna-se necessário que os
dispositivos de apoio e prevenção neste universo não se alterem de forma a
comprometer a evolução agora registada.
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