domingo, 6 de janeiro de 2013

NUNCA MAIS ME SAI O EUROMILHÕES

O JN de hoje apresenta um trabalho interessante, com chamada a primeira página, sobre o nível de envolvimento dos portugueses nos jogos sociais. Em 2012, os portugueses investiram 1727 milhões de euros nos jogos, o valor mais alto de sempre.
Este investimento e a tentativa de através da sorte conseguir os rendimentos que o quotidiano recusa, sugerem umas notas.
Em muitos lares portugueses, e não só, e hoje mais do que nunca, uma das frases mais ouvidas é “nunca mais me sai o euromilhões, para deixar de trabalhar”. Cada um de nós já ouviu, pensou ou disse esta expressão alguma vez ou vezes. Creio também que não é usada apenas pelos cidadãos com maiores dificuldades.
Acho curiosa a sua utilização. Entendo, naturalmente, a ideia subjacente à primeira parte. Um prémio de valor substantivo representaria, seguramente, a hipótese de acesso a um patamar superior de bem-estar económico, desejado, naturalmente, por toda a gente.
O que de facto me parece mais interessante é o complemento “para deixar de trabalhar”. É certo que nem todas as expressões devem ser entendidas no seu valor “facial”, mas é também verdade que a recorrente afirmação deste desejo acaba por ilustrar a relação que muitos de nós estabelecemos com o lado profissional da nossa vida, isto é, “quero livrar-me dele o mais depressa possível”. Não será grave, mas é um indicador que possibilita várias leituras.
Sabem qual é a minha inquietação? É se os miúdos, considerando a agitação que vai pelo seu mundo “laboral”, desatam a pedir um aumento de mesada que lhes permita apostar no euromilhões para … deixar de ir à escola.
Já estivemos mais longe.

2 comentários:

Unknown disse...

Eu gostava de deixar de trabalhar. Não para ser ociosa mas para me sentir verdadeiramente produtiva. Uma vez escrevi sobre isso, aqui: http://www.joanajordao.com/2010/01/cinco-meses-depois.html

Zé Morgado disse...

Olá Joana, por isso eu falo das várias leituras