A propósito do devastador
temporal do último fim de semana e das reportagens que se seguiram e repetiram,
fiquei a pensar como tão facilmente de há umas décadas para cá qualquer coisa
que aconteça em Portugal ou mesmo qualquer coisa que não aconteça, logo faz
emergir um grupo de pedintes, de pessoas que pedem apoios ou subsídios.
É óbvio que compreendo o drama que
se abate de forma inesperada sobre muitas pessoas e famílias e entendo que surjam
imediatamente os pedidos de apoio, algumas vezes justificados.
A questão é a excessiva
dependência criada e alimentada desses apoios e subsídios e que sustentam os
pedintes de todas as naturezas e escalas. Reparem.
Logo no início da actual crise
surgiu um inesperado grupo de pedintes, os banqueiros, que pediram ajudas e
apoios de modo a fortalecer o sistema financeiro e a resistir aos testes de
stresse. Claro que estes pedintes obtiveram as ajudas necessárias, o último
caso foi o do Banif que recebeu uma ajudazinha na recapitalização.
No entanto e na verdade os
pedintes são mesmo de todas as condições, escalas e justificações.
Se chove aparecem os pedintes por
causa da água a mais, se não chove surgem os pedintes por causa da seca. Se faz
vento temos pedintes por causa das consequências do vento.
Os inquilinos são pedintes por
causa das rendas, mas os proprietários são também pedintes e pelas mesmas
razões.
Pedimos apoios e subsídios para
tudo e mais alguma coisa. Provavelmente não existirão actividades que não abriguem pedintes.
Creio mesmo que dificilmente algum de
nós não integrará um grupo de pedintes.
Por outro lado, a mesma vida que
produz os pedintes, também tem produzido os pobres, muitos pobres e muito
pobres.
A diferença é que muitos dos pedintes
não são pobres e muitos dos pobres não pedem, não são pedintes. A dignidade que
ainda mantêm não lhes permite.
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